O textículo ‘Trumpets of
Armageddon I’ publicado aqui e na paia e querida Gazeta da Besta Fubana recebeu
na escrota gazeta um comentário interessante do leitor Joaquim Francisco
ao qual gostaria de tecer algumas considerações.
Assevera
no seu comentário, em dado momento, o dileto leitor que, “[...] mas apartedo (sic) texto(já tivemos nosso.....terra
arrasada) não bate com várias informações. Seu texto está correto?[...]”.
O
caro Joaquim refere-se a uma passagem sobre eleições no Brasil em que o
vencedor teve menos votos que o vencido e sobre governos brasileiros que
terminaram em terra arrasada. Bom a história é algo bastante, digamos,
impreciso pois é contada em versões dos fatos e não em fatos. A sabedoria
popular diz que a ‘história é feita por heróis e contada por quem tem a voz
mais alta’, ou seja, a história é contada por quem detém o poder no momento. Regimes
autoritários em geral tentam recontar a história do país para justificar seus
atos e atitudes, foi assim na Alemanha Nazista, na União Soviética, em Cuba e
no Brasil de Vargas, da Ditadura Militar e do período nefasto do Lulopetismo.
Mudam-se os fatos ou sua interpretação e muda-se pois a forma de contar a história.
Por
outro lado as histórias relativas aos mandatários máximos do Brasil resumem-se,
grosso modo, a biografias chapa-branca e a enfadonhos amontoados de datas e
lugares transcritos da agenda oficial. Além destes fatos temos as
reinterpretações da história amplamente trabalhadas em nossos três períodos
ditatoriais, pelo DIP no Estado Novo, pela Ditadura Militar após a
contra-revolução de 1964 e pelos marqueteiros na Ditadura Branca da Era Petista (sendo esta a mais
danosa e mentirosa em termos de reescrita dos fatos históricos).
Mas ainda é
possível buscar em Jornais da época (mesmo com a Imprensa brasileira
tendo sofrido censura de fato ou branca em praticamente todo o período
republicano), em obras ‘ficcionais’ de grandes autores pátrios e em documentos
especialmente no exterior, uma luz sobre a verdade da história brasileira.
Eduardo Bueno, Laurentino Gomes, Boris Fausto são bons exemplos de autores que
buscam resgatar nossa verdadeira história. Recomendo a leitura do excelente
‘Guia Politicamente Incorreto dos Presidentes da República’ do autor Paulo
Schmidt, onde poderemos ter uma ideia de quem foram nossos mandatários máximos.
Sobre
o texto anterior, o Senador Gaúcho Pinheiro Machado conta hoje no RS com o status de herói dos pampas e intelectual
notável. Esta fama foi garantida pela propaganda do regime militar de 1964 que
fomentou o culto aos ‘Heróis’ da derrotada Revolução Farroupilha e de outros
políticos já devidamente mortos, tentando evitar o culto a políticos
como Brizola e Jango que a época estavam perigosamente vivos. Assim Pinheiro
Machado passou a fazer parte do Panteão dos Heróis Gaúchos.
Pinheiro Machado era Senador e foi acusado de
participar do atentado frustrado contra o então Presidente Prudente de Morais,
em 5 de novembro de 1897, que acabou por vitimar o Ministro da guerra Marechal
Carlos Bittencourt. Afastado por esta suspeita Pinheiro Machado foi reconduzido
pelo Presidente Campos Sales que sucedeu Prudente de Morais. Deste tornou-se
Conselheiro e teve ascensão meteórica no Poder Nacional. Rodrigues Alves,
paulista, sucedeu o péssimo governo de Campos Sales. O primeiro Governo de
Rodrigues Alves teve como base o saneamento, a erradicação da febre amarela e
de outras doenças (contou com o aliado Oswaldo Cruz) e a modernização do Rio de
Janeiro, então capital Federal. Fez um Governo considerado excelente, saiu da
Presidência aclamado, mas não conseguiu indicar o candidato que queria a sua
sucessão pois não teve o apoio de quem? De Pinheiro Machado, que era o todo
poderoso líder do ‘Bloco’ (algo como o atual centrão) e Vice-presidente do
senado que impôs como Candidato da situação Afonso Pena, que acabou eleito. Afonso Pena tentou afastar-se de Pinheiro Machado mas não conseguiu pois seu
Vice Nilo Peçanha era muito ligado ao senador gaúcho. Mesmo assim o presidente
tentou ‘quebrar’ o ‘Bloco’ e ter base própria no Congresso. Neste momento,
Pinheiro Machado comandava através de fantoches a Comissão de Verificação de
Poderes, formada por Senadores e quem tinha o poder de cassar mandatos seja por
‘problemas’ durante a eleição, seja por 'problemas' durante o mandato (um misto
de Comissão de ética e TSE, com poder onipresente de cassar políticos), e com
isto cassou todos os opositores obtendo um Congresso para lá de dócil.
Afonso
Pena tentou articular um sucessor (não era permitida a reeleição na época), mas
Pinheiro Machado articulou a candidatura de Hermes da Fonseca, ministro de Pena.
Após uma forte discussão com Hermes, Afonso Pena passou mal e veio a falecer logo
em seguida. Assume a Presidência o Vice Nilo Peçanha, forte aliado de Pinheiro
Machado. Algo interessante Nilo Peçanha se descrevia como mulato, mas suas
fotos e representações levam a crer que estava mais para Joaquim Barbosa que
para Obama, ou seja, sem nenhum preconceito, já nos anos 1910 tivemos um Presidente
negro e isto não foi obra do PT ou das esquerdas. O Brasil sempre foi um país
mestiço e até o PT chegar ao Governo não havia vergonha ou conflito por isto.
Nilo
Peçanha foi apenas um testa de ferro de Pinheiro Machado. Seu sucessor foi o Marechal Hermes da Fonseca (sobrinho de Deodoro), candidato de Pinheiro Machado
que recebeu 126.392 votos, seu adversário Rui Barbosa (cometi um erro no outro
texto pois disse tratar-se de Rodrigues Alves, que não foi o candidato de fato,
mas foi um grande apoiador de Rui Barbosa) recebeu 200.259 votos. Ganhou mas não
levou, a Comissão de Verificação de Poderes comandada por Pinheiro declarou Hermes
vencedor com cerca de 400.000 votos, vindos não se sabe de onde (a eleição teve
mais votos que eleitores habilitados). Pedimos desculpas por nosso erro, vamos corrigir
no texto original.
Hermes
da Fonseca foi um presidente tão ‘bom’ que a polícia proibiu que os jornais
dessem como palpite do jogo de bicho (algo comum) o número do burro. Sabem por
quê? Porque falar em burro era considerada referência ao Sr. Presidente. Quem
Governou foi Pinheiro Machado. O Governo péssimo e os desafetos
não permitiram que Pinheiro Machado indicasse seu pré candidato a Presidência da República, ele mesmo. Em seu lugar concorreu e foi eleito Venceslau Brás. O Governo Hermes da Fonseca deixou terra arrasada após sua passagem e o país destruído após sua passagem, como os Governos do PT na
atualidade (por isso a referência).
Dizem
que no comando da famigerada Comissão de Verificação dos Poderes, P. Machado dizia ‘Eleito
o Sr. foi, o que não vai ser é diplomado’ (Fonte: Schmidt, 2016 – Guia Politicamente
incorreto dos Presidentes da República), foi assassinado em 1915. Rodrigues
Alves (agora sim) foi o primeiro presidente a ser reeleito. Não foi empossado
pois foi vítima da gripe espanhola, assumiu seu Vice Delfim Moreira, primo do
ex-presidente Venceslau Brás.
Como
te disse há, atualmente, há boas referências sobre a história republicana do
Brasil e sobre a história de nosso país, algumas foram citados neste texto, há
outras. Autores que longe de ideologias e manipulações tentam resgatar a
verdadeira história de nossa Pátria.
Nestas
parcas linhas falamos de traição, corrupção, venda de influência, nepotismo e
outras cositas. Algo comum no Brasil
de antanhos e no Brasil de hoje, temos como povo, meu caro Joaquim, que reagir
e transformar nossa Pátria.
A
história é sábia e pode mostrar-nos os erros do passado evitando que os
cometamos de novo, mas para isto temos que a despir de mitos e ideologias. A
esquerda brasileira vem prestando um grande desserviço ao Brasil ao tentar
reescrever nossa história, com sua visão destorcida, algo tão deletério aos
nossos estudantes como o foram as tentativas semelhantes durante os períodos
ditatoriais.
Cabe-nos reagir e veicular a verdade dos
fatos. Ou pelo menos uma outra
versão e deixar que cada um crie sua verdade, a partir de sua vivência e de
suas experiências.
Não
queremos ser donos da verdade, como alguns que criticamos, portanto meus caros
amigos, considerem tudo aqui escrito como apenas mais uma versão, fruto de
nossos estudos e leituras. Falha como tudo aquilo que é humano.
Esperamos que
esta versão lhes seja útil para criarem suas próprias interpretações e...versões.
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