sábado, 12 de novembro de 2016

Breves considerações ao comentário do leitor Joaquim Francisco (Trumpets of Armageddon I)



            O textículo ‘Trumpets of Armageddon I’ publicado aqui e na paia e querida Gazeta da Besta Fubana recebeu na escrota gazeta um comentário interessante do leitor Joaquim Francisco ao qual gostaria de tecer algumas considerações.
                Assevera no seu comentário, em dado momento, o dileto leitor que, “[...] mas apartedo (sic) texto(já tivemos nosso.....terra arrasada) não bate com várias informações. Seu texto está correto?[...]”.
                O caro Joaquim refere-se a uma passagem sobre eleições no Brasil em que o vencedor teve menos votos que o vencido e sobre governos brasileiros que terminaram em terra arrasada. Bom a história é algo bastante, digamos, impreciso pois é contada em versões dos fatos e não em fatos. A sabedoria popular diz que a ‘história é feita por heróis e contada por quem tem a voz mais alta’, ou seja, a história é contada por quem detém o poder no momento. Regimes autoritários em geral tentam recontar a história do país para justificar seus atos e atitudes, foi assim na Alemanha Nazista, na União Soviética, em Cuba e no Brasil de Vargas, da Ditadura Militar e do período nefasto do Lulopetismo. Mudam-se os fatos ou sua interpretação e muda-se pois a forma de contar a história.
                Por outro lado as histórias relativas aos mandatários máximos do Brasil resumem-se, grosso modo, a biografias chapa-branca e a enfadonhos amontoados de datas e lugares transcritos da agenda oficial. Além destes fatos temos as reinterpretações da história amplamente trabalhadas em nossos três períodos ditatoriais, pelo DIP no Estado Novo, pela Ditadura Militar após a contra-revolução de 1964 e pelos marqueteiros na Ditadura Branca da Era Petista (sendo esta a mais danosa e mentirosa em termos de reescrita dos fatos históricos). 
                  Mas ainda é possível buscar em Jornais da época (mesmo com a Imprensa brasileira tendo sofrido censura de fato ou branca em praticamente todo o período republicano), em obras ‘ficcionais’ de grandes autores pátrios e em documentos especialmente no exterior, uma luz sobre a verdade da história brasileira. Eduardo Bueno, Laurentino Gomes, Boris Fausto são bons exemplos de autores que buscam resgatar nossa verdadeira história. Recomendo a leitura do excelente ‘Guia Politicamente Incorreto dos Presidentes da República’ do autor Paulo Schmidt, onde poderemos ter uma ideia de quem foram nossos mandatários máximos.
                Sobre o texto anterior, o Senador Gaúcho Pinheiro Machado conta hoje no RS com o status de herói dos pampas e intelectual notável. Esta fama foi garantida pela propaganda do regime militar de 1964 que fomentou o culto aos ‘Heróis’ da derrotada Revolução Farroupilha e de outros políticos já devidamente mortos, tentando evitar o culto a políticos como Brizola e Jango que a época estavam perigosamente vivos. Assim Pinheiro Machado passou a fazer parte do Panteão dos Heróis Gaúchos.
                 Pinheiro Machado era Senador e foi acusado de participar do atentado frustrado contra o então Presidente Prudente de Morais, em 5 de novembro de 1897, que acabou por vitimar o Ministro da guerra Marechal Carlos Bittencourt. Afastado por esta suspeita Pinheiro Machado foi reconduzido pelo Presidente Campos Sales que sucedeu Prudente de Morais. Deste tornou-se Conselheiro e teve ascensão meteórica no Poder Nacional. Rodrigues Alves, paulista, sucedeu o péssimo governo de Campos Sales. O primeiro Governo de Rodrigues Alves teve como base o saneamento, a erradicação da febre amarela e de outras doenças (contou com o aliado Oswaldo Cruz) e a modernização do Rio de Janeiro, então capital Federal. Fez um Governo considerado excelente, saiu da Presidência aclamado, mas não conseguiu indicar o candidato que queria a sua sucessão pois não teve o apoio de quem? De Pinheiro Machado, que era o todo poderoso líder do ‘Bloco’ (algo como o atual centrão) e Vice-presidente do senado que impôs como Candidato da situação Afonso Pena, que acabou eleito.                     Afonso Pena tentou afastar-se de Pinheiro Machado mas não conseguiu pois seu Vice Nilo Peçanha era muito ligado ao senador gaúcho. Mesmo assim o presidente tentou ‘quebrar’ o ‘Bloco’ e ter base própria no Congresso. Neste momento, Pinheiro Machado comandava através de fantoches a Comissão de Verificação de Poderes, formada por Senadores e quem tinha o poder de cassar mandatos seja por ‘problemas’ durante a eleição, seja por 'problemas' durante o mandato (um misto de Comissão de ética e TSE, com poder onipresente de cassar políticos), e com isto cassou todos os opositores obtendo um Congresso para lá de dócil.
                Afonso Pena tentou articular um sucessor (não era permitida a reeleição na época), mas Pinheiro Machado articulou a candidatura de Hermes da Fonseca, ministro de Pena. Após uma forte discussão com Hermes, Afonso Pena passou mal e veio a falecer logo em seguida. Assume a Presidência o Vice Nilo Peçanha, forte aliado de Pinheiro Machado. Algo interessante Nilo Peçanha se descrevia como mulato, mas suas fotos e representações levam a crer que estava mais para Joaquim Barbosa que para Obama, ou seja, sem nenhum preconceito, já nos anos 1910 tivemos um Presidente negro e isto não foi obra do PT ou das esquerdas. O Brasil sempre foi um país mestiço e até o PT chegar ao Governo não havia vergonha ou conflito por isto.
                Nilo Peçanha foi apenas um testa de ferro de Pinheiro Machado. Seu sucessor foi o Marechal Hermes da Fonseca (sobrinho de Deodoro), candidato de Pinheiro Machado que recebeu 126.392 votos, seu adversário Rui Barbosa (cometi um erro no outro texto pois disse tratar-se de Rodrigues Alves, que não foi o candidato de fato, mas foi um grande apoiador de Rui Barbosa) recebeu 200.259 votos. Ganhou mas não levou, a Comissão de Verificação de Poderes comandada por Pinheiro declarou Hermes vencedor com cerca de 400.000 votos, vindos não se sabe de onde (a eleição teve mais votos que eleitores habilitados). Pedimos desculpas por nosso erro, vamos corrigir no texto original.
                Hermes da Fonseca foi um presidente tão ‘bom’ que a polícia proibiu que os jornais dessem como palpite do jogo de bicho (algo comum) o número do burro. Sabem por quê? Porque falar em burro era considerada referência ao Sr. Presidente. Quem Governou foi Pinheiro Machado. O Governo péssimo e os desafetos não permitiram que Pinheiro Machado indicasse seu pré candidato a Presidência da República, ele mesmo. Em seu lugar concorreu e foi eleito Venceslau Brás. O Governo Hermes da Fonseca deixou terra arrasada após sua passagem e o país destruído após sua passagem, como os Governos do PT na atualidade (por isso a referência).
                Dizem que no comando da famigerada Comissão de Verificação dos Poderes, P. Machado dizia ‘Eleito o Sr. foi, o que não vai ser é diplomado’ (Fonte: Schmidt, 2016 – Guia Politicamente incorreto dos Presidentes da República), foi assassinado em 1915. Rodrigues Alves (agora sim) foi o primeiro presidente a ser reeleito. Não foi empossado pois foi vítima da gripe espanhola, assumiu seu Vice Delfim Moreira, primo do ex-presidente Venceslau Brás.
                Como te disse há, atualmente, há boas referências sobre a história republicana do Brasil e sobre a história de nosso país, algumas foram citados neste texto, há outras. Autores que longe de ideologias e manipulações tentam resgatar a verdadeira história de nossa Pátria.
                Nestas parcas linhas falamos de traição, corrupção, venda de influência, nepotismo e outras cositas. Algo comum no Brasil de antanhos e no Brasil de hoje, temos como povo, meu caro Joaquim, que reagir e transformar nossa Pátria.
                A história é sábia e pode mostrar-nos os erros do passado evitando que os cometamos de novo, mas para isto temos que a despir de mitos e ideologias. A esquerda brasileira vem prestando um grande desserviço ao Brasil ao tentar reescrever nossa história, com sua visão destorcida, algo tão deletério aos nossos estudantes como o foram as tentativas semelhantes durante os períodos ditatoriais.
 Cabe-nos reagir e veicular a verdade dos fatos. Ou pelo menos uma outra versão e deixar que cada um crie sua verdade, a partir de sua vivência e de suas experiências.

           Não queremos ser donos da verdade, como alguns que criticamos, portanto meus caros amigos, considerem tudo aqui escrito como apenas mais uma versão, fruto de nossos estudos e leituras. Falha como tudo aquilo que é humano. 
                Esperamos que esta versão lhes seja útil para criarem suas próprias interpretações e...versões.

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