segunda-feira, 14 de setembro de 2020

VAMOS FALAR DE COISAS BOAS

 


 

 

Decidi que também é preciso alegrar o cotidiano e falar de coisas puras e boas. É óbvio que continuarei a falar de política e a baixar o porrete nestes crápulas. Mas vou me permitir falar de coisas boas: crianças, sonhos, escoteiros. Coisas que me fazem muito bem e trazem de volta minha infância e juventude.

Fui escoteiro, ou melhor sou escoteiro, pois como se diz ‘Uma Vez Escoteiro, Sempre Escoteiro’. Passei alguns dos melhores momentos de minha juventude no Movimento Escoteiro, ali forjei grandes e indeléveis amizades. Boa parte de meus amigos do peito vem desta época. Acampei, viajei, fiz muita festa, namorei bandeirantes (ah!! As Bandeirantes) e aprendi lições para toda a vida.

Depois de maduro, meu filho me pediu para ser escoteiro, aguardava seu pedido, pois ele conhece e convive com os escoteiros desde o berço, mas tinha de ter seu momento. Quando tinha 9 anos me falou que ia abrir um Grupo Escoteiro em sua Escola e ele queria participar. Fomos dois, pois ao ingressar e, ele entrou de cabeça no movimento, me arrastou de volta ao Escotismo.

Meu filho, Rodrigo é o nome dele, me surpreendeu, batalhou e conquistou tudo o que se propôs. Alguns Chefes antigos dizem que se parece comigo em determinação, dedicação e perseverança quase ao nível da teimosia. É o orgulho do pai. Mas falarei disto em outro post.

Neste final de semana, em virtude da pandemia, a UEB (União dos Escoteiros do Brasil) promoveu uma atividade on line, organizada para divertir e instruir milhares de jovens Brasil a fora. Foi o Jamboree Nacional on line e a Caçada Nacional de Lobinhos.

Meu filho é Lobinho, que são os escoteiros de 7 a 11 anos. Estes jovens têm suas atividades baseadas na estória de Mogli o Menino Lobo e no Livro da Jungle de Rudyard Kippling. Por isso são chamados Lobinhos e são formados a partir das virtudes e. sabedoria da Alcatéia de SEONE, em que Mogli vivia e de seus amigos da selva.

Por isso a atividade se chama CAÇADA, é que os Lobos caçam juntos. Os Lobinhos também ‘caçam’, ou seja buscam objetivos, juntos, de forma coletiva e solidária.

Na sexta, sábado e domingo crianças, Lobinhos, do Brasil todo participaram de uma grande gincana virtual, a caçada. E tiveram uma ‘viagem’ pelos biomas do Brasil. Algo interessante, pois tiveram de conhecer as características de cada região do Brasil. A medida que passavam pela Floresta Amazônica, Cerrado, Caatinga, pantanal, Pampa e Mata Atlântica, tiveram de conhecer suas riquezas e problemas. Tiveram de imitar bichos, conhecer índios, cozinhar e provar comidas típicas (feitas ao seu jeito). Cantaram músicas, conheceram a cultura de outros recantos do Brasil, com suas lendas, brincadeiras e tradições.

Isto é formidável. A criança que conhece a cultura de seus antepassados, que conhece a cultura do seu país, vai respeitá-la e valorizá-la quando crescer. Será um cidadão mais completo. Por isso dou meus parabéns a UEB, aos Organizadores da Caçada e a todos os Escoteiros que dela participaram.

Somos gaúchos e Rodrigo (meu filho) veio me dizer que estavam viajando, no domingo pela manhã, pela Caatinga. Conheceram no Nordeste o Cordel. E a tarefa foi improvisar, esculpindo em uma batata ou qualquer outro material, uma xilogravura, daquelas de cordel. Mas, não só isso, deveriam escrever um pequeno cordel.

Confesso que sou um apaixonado por Cordel, tenho quase uma centena, quando vou ao Nordeste compro vários e, peço aos amigos que vão ao Nordeste me tragam alguns de presente. Busquei alguns, mostrei a meu filho e ele me mostrou o Cordel, feito por Chefes do Nordeste para inspirá-los.

E lá foi meu Rodrigo, do alto de seus 10 anos escrever um cordel. Um gaúcho escrevendo cordel. Orgulho de um pai coruja. Não sei se ficou bom, em minha opinião é maravilhoso. Pediu-me ajuda com algumas palavras da rima, só isso, o resto fez só.

Peço aos amigos a paciência de ler este pequeno cordel, da lavra de meu pequeno Rodrigo. Espero que gostem (na foto abaixo a tentativa de xilogravura que ele fez).

 

Cordel dos lobos da Caatinga

 

Lobinhos, nossa Alcateia

Saiu da Jungle e apareceu aqui

Na Roca, nossa plateia

Veio dar no Cariri

E na cabeça veio a ideia

E o Akelá (1), de gibão de couro, eu vi

 

 

No Nordeste temos clima seco

A Caatinga, lugar onde gente mora

Ali o calango, da criança, é o boneco

Ali o Lobinho se aprimora

Seu uivo dá o eco

E a vida se revigora

 

 

Desde as Terras do cabeça de Cuia

À bela Terra Potiguar

Pelo São Francisco, canoa e sacuia

Os Lobinhos foram alcançar

A Caatinga, terra sem mucuia

Com sua beleza espetacular.

 

 

(1)  Akelá é o Chefe dos Lobos.

 

 

Espero que meus confrades nordestinos não tenham se ofendido de chamar tão singelos versos de cordel. É apenas orgulho de um pai coruja e besta.


CAPA DO CORDEL



terça-feira, 8 de setembro de 2020

MEU 7 DE SETEMBRO

 



 

A data Magna de nossa INDEPENDÊNCIA do jugo Português sempre me foi muito cara. Lembranças de minha tenra infância ainda estão vivas em minhas memórias.

Não sei se são verdadeiras ou, apenas ‘flashs’ de histórias do passado. Mas me recordo de ir, de mãos dadas com meu avô, assistir aos desfiles militares na Avenida Duque de Caxias, em frente ao Quartel do 9º BIMtz. Devia ter 3 ou 4 anos, por isso as lembranças são como névoas em minha mente.

Mais vívidas, talvez porque minha mãe ainda guarda algumas fotos da época, são dos desfiles, na mesma avenida, a partir de 1978, com cinco anos no jardim de infância do Colégio Municipal Balbino Mascarenhas. Era uma Escola simples de periferia, mas desfilávamos garbosos atrás de uma pequena Banda Escolar. Minha mãe fez um sacrifício e me comprou uma pilcha, então eu desfilei à frente da escola, carregando a bandeira e ostentando o título de Gaúcho Mirim. Segundo minha mãe a menina (a Prenda Mirim) que me fazia par se chamava Karen. Nunca mais vi, apenas nas fotos dos 3 ou 4 anos seguintes em que desfilamos lado a lado sempre como Gaúcho e Prenda Mirins.

Mais do que o desfile em si, com todos os colegas uniformizados garbosos, marchando em homenagem a Pátria, ficaram-me as lembranças dos dias a fio que treinávamos, marchando no pátio do Colégio ou cantando hinos e canções patrióticas.

Neste interim o desfile mudou para a Avenida Bento Gonçalves, onde se localiza o Altar da Pátria e o Fogo Simbólico. Ao lado da Boca do Lobo, Estádio do Glorioso Esporte Clube Pelotas, o Lobo Áureo-Cerúleo. Estádio este que é o mais antigo campo de futebol, em funcionamento contínuo, do Brasil, desde 1908.

Ali continuei meus desfiles. Mudei de Escola, meu Colégio só atendia até a quinta série, as coisas tinham melhorado e fui para uma Escola particular de classe média. Lá fui coordenar o Jornal da Escola, misto de Grêmio e Centro Cívico e continuei nas boas vibrações do 7 de setembro. Lá conheci, ainda que de forma um pouco tardia (já tinha 12 anos) o Movimento Escoteiro, onde algum tempo mais tarde, passei a desfilar em um garboso uniforme de calças curtas.

Fui fazer meu ensino médio (com 13 anos) na famosa Escola Técnica Federal de Pelotas, à época considerada a segunda melhor escola técnica industrial do país. Lá diante de uma potência, tive acesso ao grupo de Escoteiros da própria ETP. Tornei-me Escoteiro, Presidente do Centro Cívico e do Grupo Ecológico Tucunaré. 

A Escola Técnica da época seguia a risca a lei (válida até hoje e, sumariamente ignorada) que preconizava a cada 15 dias um momento cívico nas escolas. Tínhamos a cada quinze dias uma palestra sobre temática cívica, onde algumas turmas eram ‘convidadas’ a assistir e, quinze dias depois uma efeméride no Pátio de Educação Física, com hasteamento de bandeiras, hinos e palestra cívica.

Autoridades militares e, até o Prefeito e Vereadores se faziam presentes junto com a Banda do Exército, da Brigada Militar (PM Gaúcha) ou com a Possante (a multipremiada Banda Marcial da Escola Técnica). Os alunos acabavam matando a Educação Física e assistindo ‘voluntariamente’ a Cerimônia.

Eu recebia da Direção a autorização de naqueles dias não participar das aulas. Nestes dias eu organizava bandeiras, adriças, trabalhava recebendo as autoridades, etc. Claro que depois das aulas, na mesma noite eu tinha de assistir aulas de recuperação dos conteúdos e fazer os trabalhos perdidos. Os professores, por ordem da Direção tinham de atender a mim e aos colegas que ajudavam nas cerimônias. Muitos professores, principalmente de ciências humanas ficavam muito ‘felizes’ com este retrabalho.

Com os Escoteiros a realidade da Semana da Pátria se multiplicou. Íamos junto com os militares buscar a Chama (no RS geralmente a fagulha que acende as Piras da Pátria sai da Fazenda Boqueirão, onde uma família mantém um Fogo Crioulo aceso a mais de 200 anos). Acompanhávamos, a meia-noite do dia 31 de agosto o hasteamento das bandeiras. E do altar da Pátria íamos para nossos acampamentos, montados dias antes, na Praça atrás do Altar.

Estes acampamentos eram a casa dos Escoteiros pelos próximos 7 dias, dormíamos, comíamos, jogávamos ali. Também tínhamos uma escala de Guarda, junto com os militares, onde ficávamos em pé, posição de sentido, guardando a chama. E aí de quem a desrespeitasse, brotavam escoteiros, as dezenas, com seus bastões, prontos para ensinar civismo ao incauto.

Ir em casa só para tomar banho e na escola só para fazer provas e trabalhos.  Na noite de 6 para 7 de setembro fazíamos uma vigília que terminava as 5 da manhã quando íamos até em casa para um banho e um uniforme limpo e impecável. Sete horas estávamos de volta a Avenida para garbosamente desfilar.

Cresci e fui fazer parte da Liga de Defesa Nacional, organizando a Semana da Pátria. Agora de rádio na mão ajudava a coordenar, zelosamente, os desfiles. Com os DeMolays e, depois, com os Irmãos da Maçonaria acompanhei as homenagens ao Patriarca José Bonifácio, sempre em sua estátua as 07:30h da manhã do dia 7. E, como partícipe ativo das festividades, era convidado à Cerimônia do ‘Vinho de Honra’, que encerrava os festejos, no Centro Português 1º de Dezembro.

Segui, já na vida profissional, participando ativamente das festividades, agora representando os Reitores da Universidade que consideravam a Semana da Pátria enfadonha, azar deles.

Depois mudei-me para Santana do Livramento, onde como Diretor Geral da Universidade Federal do Pampa (que estava em implantação, por isso não tinha Reitor ainda) acompanhei diversas cerimônias lindas, onde irmanados militares brasileiros e uruguaios marchavam juntos, nas datas cívicas do Brasil e do Uruguai.

Voltei a Pelotas e fui morar a uma quadra do altar da Pátria. Nas manhãs das Semanas da Pátria vindouras lá estava eu, na Estátua de José Bonifácio, no Altar dos desfiles, ect. Agora carregando no colo ou pela mão meu pequeno filho. 

No ano passado fui, pela primeira vez, assistir ao meu filho, Lobinho, desfilar com seu Grupo de Escoteiros.

Neste ano, além da peste chinesa, tivemos a suspensão das festividades pátrias. Partiu meu coração, depois de 45 anos em que só não participei da Semana da Pátria no ano em que morava na Espanha, ver tudo vazio.

Estive na Avenida e o Altar sem bandeiras ou chama era guardado por dois guardas municipais, ali postados para evitar aglomerações. Nem mesmo aqueles energúmenos, que tanto me incomodavam, por sentarem-se desrespeitosamente no Altar, estavam por ali.

Doeu mesmo, passaram anos de lembranças ante meus olhos. Elevei os pensamentos à Pátria e entoei, silenciosamente, em minha mente os Hinos e Cânticos cívicos que fizeram alegres meus setembros.

O amor a Pátria continua o mesmo, a alegria, por hora foi sequestrada pela mídia, pelos interesses, pelos idiotas, idólatras do vírus chinês. Mas meu coração soprou-me que deixe estar. Nos os venceremos, como vencemos todos os inimigos da Pátria.

A eles sobrará o lado mau da história, as cinzas das memórias ridículas e o peso das mortes que vieram e virão seja pelo obscurantismo que condenou a cloroquina ou pela quebradeira econômica que o ‘distanciamento social’ provocará.

Isto sem contar nas crianças sem escola e sem educação e nos desvios e roubos de nossos ‘desgovernantes’. Diz um ditado que: A única piedade que merecem os inimigos da Pátria é uma morte rápida e sem dor.

Não, não desejo suas mortes, desejo apenas que o futuro se lhes incuta o sofrimento que seus atos, práticas e pregações incutiram a todo um país. E que no ano que vem e, mais ainda, em 2022, possamos encher nossas praças e avenidas, num retumbante canto de regozijo pátrio.


SALVE O BRASIL! BRASIL ACIMA DE TUDO!

 

 

P.S.: Ao final da noite fui convidado para um momento cívico do Grupo de Escoteiros de meu filho. Ali, virtualmente é claro, depois das homenagens a Pátria fizeram a entrega a Rodrigo, meu filho de 10 anos, da Insígnia do Cruzeiro do Sul. Este é o mais alto grau que um Lobinho (escoteiros de 7 a 11 anos) pode alcançar e, é bastante raro, pois demanda diversas (centenas, para ser exato) de provas e atitudes cotidianas para que a criança seja considerada merecedora de ser um Cruzeiro do Sul. Parabéns meu filho! E, O MELHOR POSSÍVEL (Lema dos Lobinhos).