sexta-feira, 2 de outubro de 2020

Terraplanistas versus Terraparadistas

 


 

Gêmeas siamesas, talvez esta seja a melhor definição destas duas ‘Seitas’. Seitas, que se dizem ciência, ou pelo menos amparadas por esta. As semelhanças dos dois grupos são muitas e as diferenças marcantes.

Seus próceres e seguidores se têm por sérios e verdadeiros representantes da verdade, defendem suas ideias, crenças e crendices, assumindo posições e posturas defensivas e, até ofensivas, no sentido de propagar e defender suas ‘verdades’.

Até aí tudo bem. O problema não são pessoas com ideias e visões de mundo diferentes, isto é liberdade! E, liberdade é pilar fundamental de uma coisa chamada Democracia. Democracia só pode ser exercida como reflexo da vontade das maiorias, claro com o devido respeito e/ou proteção das minorias. Mas nunca, nunca mesmo, a democracia pode privilegiar ou fazer valer a vontade plena de minorias, na democracia vale a vontade majoritária. A civilização nos faz ter o cuidado de proteger a minoria e, atende-la na medida do possível, sem nunca desrespeitar a vontade majoritária.

Neste ponto as duas Seitas divergem e muito.

Terraplanistas são negacionistas da ciência em voga. São teóricos da conspiração na medida que negam verdades científicas, teoricamente comprovadas nos dias atuais. Sempre existiram na história da humanidade e, muitas vezes se comprovaram certos. Exemplos há, centenas. Foram teóricos da conspiração que trouxeram luz aos dogmas da Igreja, que contestaram lá no passado o próprio conceito de terraplanismo, subvertendo-o.

Este grupo, apresenta ‘provas’ e ‘evidências’ que buscam mostrar e comprovar que grupos no controle do poder e informação submetem o coletivo, ou seja, o povo, como um todo. Teorias da Conspiração, baseadas em uma ‘ciência’ novel ou em pseudociência, que servem de evidências para contestar o status quo das coisas.

Para cada fato, há uma explicação que nega este fato. Em geral Terraplanistas são classificados, pelo todo social, mas, principalmente, pelos militantes de sua Seita gêmea, como obscurantistas. Conservadores, perigosos e retrógrados. Pessoas ignorantes, que negam fatos e provas da ciência.

Talvez! Talvez? Mas se observarmos, Terraplanistas são pessoas, muitas das quais de bom nível cultural, que enquanto grupo são muito heterogêneos e, principalmente, estão longe de qualquer extremismo.

São apenas pessoas com opiniões e visões de mundo, que as externam, segundo o princípio do livre arbítrio e das liberdades individuais. Mas entre eles, a grande maioria, não é radical na imposição de seus dogmas. Aliás, a heterogeneidade de pensamentos e visões entre os Terraplanistas não permite afirmar que eles próprios tenham dogmas, na acepção plena da palavra.

Em suma, são um grupo, não tão pequeno, que defende ideias sem querer impô-las. Não há entre Terraplanistas o chamado ‘ódio do bem’, que na prática é ódio, simplesmente ódio e, algumas vezes, ódio extremo, voltado contra aqueles que deles divergem. 

Terraplanistas são pessoas como eu e vocês, apenas com pensamentos diferentes. Folclóricos, talvez. Mas, jamais perigosos seja para indivíduos, seja para a sociedade. Não representam riscos a Sociedade ou a partes dela. São, em minha opinião, pessoas do povo, exercendo seu direito a liberdade de crença e pensamento.

Por outro lado, a Seita dos Terraparadistas é extremamente dogmática. E baseia seu dogmatismo no que chama de ciência.

Mas a ciência dos Terraparadistas é uma ciência que só considera os fatos que indiquem ou apontem para aquilo que pensam ou apregoam. Mais que isto não tem escrúpulos em distorcer dados, reinterpretar a história e até falsificar ou direcionar experimentos. Tudo para comprovar que estão corretos.

Esta atitude, extrema, concebida por uma cegueira coletiva de seus membros e por uma fé inabalável na deusa Scientiae e, em seus apóstolos.

Isto, esta forma de agir vai de encontro a tudo aquilo que apregoa a verdadeira ciência. Neutralidade, imparciabilidade, isenção (inclusive ideológica), comprobabilidade fática, repetitibilidade e método.

Os Terraparadistas usam estes pressupostos validativos da ciência de forma parcial, só valem para desqualificar aquilo ou aqueles que ousam se opor ao que pregam. Se valem de uma Teoria do Bule de Chá Voador, de Russel, as avessas, para invalidar quaisquer pensamentos contrários.

Aí reside o grande problema dos Terraparadistas. Sentem-se como salvadores da humanidade, ungidos por forças superiores e, apoiados naquilo que chamam de ciência. Portanto não podem, jamais serem contrariados, sequer questionados. Ouçam e obedeçam, dizem. É para seu bem. É para o bem da humanidade. O que você quer ou o que você pensa ou, ainda, seu livre arbítrio, nada valem. São eles, os Terraparadistas, que sabem o que é melhor para sua vida, para a vida de toda a sociedade.

 O movimento Terraparadista esconde interesses, muitas vezes escusos, que poderiam ser usados até como comprovações das tais Teorias da Conspiração que estes (Terraparadistas) usam para ridicularizar os Terraplanistas. Basta olhar a ênfase dada pela grande mídia, por redes sociais et caterva ao pensamento Terraparadista.

 O movimento Terraparadista é composto por todo o escolho oriundo da antiga e da nova esquerda e, mais todas as patologias sociais que hoje nos afligem: ecologismo, globalismo, bom-mocismo, politicamente correto, assexismo, terrorismo, intolerância, ateísmo, etc. E, constituiu-se terreno fértil, dado o potencial revolucionário explosivo destas correntes, para incrementar e fomentar os interesses de grupos, indivíduos e corporações, de países e ideologias, que corrompem e financiam estes movimentos. 

Ao fim e ao cabo, dentro da cegueira ideológica e dogmática do Terraparadismo, seus adeptos nada mais são do que ferramentas destes interesses. Acabam constituindo-se como idiotas úteis e braços (muitas vezes armados) de interesse de seus financiadores e promotores.

Encontrou terreno fértil na rebeldia da juventude, na classe média alta entediada, nas Classes da alta ‘burguesia’ envergonhada por sua boa vida (mas da qual não abrem mão), nos servidores públicos, sindicalistas e políticos de todos os pelos e matizes.

E, este é o grande mal da Seita Terraparadista a intolerância e o chamado ‘ódio do bem’ que é apenos o mau e velho ódio. Terraparadistas auto ungidos na tarefa de salvar o mundo não aceitam divergência. Só relevam aqueles que voluntariamente se submetem às suas ordens e mandamentos. Qualquer questionamento ou divergência levará a um turbilhão de xingamentos e acusações.

Não há argumentos. Quem lhes contraria é genocida, misógino, racista, homofóbico e outros tantos adjetivos. Contestar é crime e, crime inafiançável, talvez o único crime ao qual eles, os Terraparadistas, admitem a pena de morte.

Contrariam, pois, os pilares básicos da sociedade e da humanidade: liberdade e livre-arbítrio. Não vou nem falar de uso da razão ou inteligência, pois isto é irrelevante para os ungidos da ciência, pelo menos pela ciência deles.

São os autointitulados defensores da vida, da democracia, das minorias e anti-fascistas. Que se comportam como fascistas, democratas que desconsideram a vontade da maioria, ao defender a vida condenaram, inutilmente, milhões de vidas. 

Quebraram lojas, quebraram economias, agrediram em nome da não violência. Proibiram remédios que podem não funcionar (ou muito antes pelo contrário, podem funcionar) para aguardar vacinas que, pasmem podem funcionar ou não.

Não interessa se o vírus se propaga pelo ar e não respeita paredes. Fique em casa, genocida! Lockdown! Fecha-se tudo, azar do emprego e da economia. O governo tem de nos sustentar. É o ano da nova Revolução Socialista, o Ano do novo vermelho. Fique em casa, não produza nada e o governo te sustentará. O top mind da utopia comunista.

Quem pagará a conta, ao final não interessa, fique em casa, fique calado e não ouse pensar ou contestar-nos. Seu fascista! Dinheiro, não sendo o deles (Terraparadistas), não é problema. Se você morrer de fome, foi o capitalismo ou sua culpa (quem mandou não fazer concurso e virar funcionário público).

Os Terraparadistas constituem-se um mal, pela dogmática cega, a ser combatido e, até exterminado, sob pena de subjugarem a humanidade na ditadura do politicamente correto. Ou os combatemos agora ou amanheceremos, belo dia, algemados em campos de concentração ideológicos e /ou reais, privados de nossa liberdade e livre arbítrio.

Em suma, os gêmeos Terraplanistas e Terraparadistas, têm uma diferença abissal entre suas existências. Os primeiros vivem sua crença sem impô-la ou causar prejuízo a outrem, se são maus, o são só para eles mesmos.

Já os Terraparadistas são um mal que cresce e busca a hegemonia, usa de todos os métodos e armas e, vai, cada vez mais, tentar impor sua crença. É Mal, com M maiúsculo, é dogma que mata. Mata a liberdade, mata a divergência, mata a razão, mata a vida.

Está em Guerra, contra nós, invade nossa sociedade, nossa democracia. E, pior sem reação daqueles que subjuga. Eis que devemos nos levantar e combatê-los, antes que seja tarde demais. Antes que nos subjuguem! 

segunda-feira, 14 de setembro de 2020

VAMOS FALAR DE COISAS BOAS

 


 

 

Decidi que também é preciso alegrar o cotidiano e falar de coisas puras e boas. É óbvio que continuarei a falar de política e a baixar o porrete nestes crápulas. Mas vou me permitir falar de coisas boas: crianças, sonhos, escoteiros. Coisas que me fazem muito bem e trazem de volta minha infância e juventude.

Fui escoteiro, ou melhor sou escoteiro, pois como se diz ‘Uma Vez Escoteiro, Sempre Escoteiro’. Passei alguns dos melhores momentos de minha juventude no Movimento Escoteiro, ali forjei grandes e indeléveis amizades. Boa parte de meus amigos do peito vem desta época. Acampei, viajei, fiz muita festa, namorei bandeirantes (ah!! As Bandeirantes) e aprendi lições para toda a vida.

Depois de maduro, meu filho me pediu para ser escoteiro, aguardava seu pedido, pois ele conhece e convive com os escoteiros desde o berço, mas tinha de ter seu momento. Quando tinha 9 anos me falou que ia abrir um Grupo Escoteiro em sua Escola e ele queria participar. Fomos dois, pois ao ingressar e, ele entrou de cabeça no movimento, me arrastou de volta ao Escotismo.

Meu filho, Rodrigo é o nome dele, me surpreendeu, batalhou e conquistou tudo o que se propôs. Alguns Chefes antigos dizem que se parece comigo em determinação, dedicação e perseverança quase ao nível da teimosia. É o orgulho do pai. Mas falarei disto em outro post.

Neste final de semana, em virtude da pandemia, a UEB (União dos Escoteiros do Brasil) promoveu uma atividade on line, organizada para divertir e instruir milhares de jovens Brasil a fora. Foi o Jamboree Nacional on line e a Caçada Nacional de Lobinhos.

Meu filho é Lobinho, que são os escoteiros de 7 a 11 anos. Estes jovens têm suas atividades baseadas na estória de Mogli o Menino Lobo e no Livro da Jungle de Rudyard Kippling. Por isso são chamados Lobinhos e são formados a partir das virtudes e. sabedoria da Alcatéia de SEONE, em que Mogli vivia e de seus amigos da selva.

Por isso a atividade se chama CAÇADA, é que os Lobos caçam juntos. Os Lobinhos também ‘caçam’, ou seja buscam objetivos, juntos, de forma coletiva e solidária.

Na sexta, sábado e domingo crianças, Lobinhos, do Brasil todo participaram de uma grande gincana virtual, a caçada. E tiveram uma ‘viagem’ pelos biomas do Brasil. Algo interessante, pois tiveram de conhecer as características de cada região do Brasil. A medida que passavam pela Floresta Amazônica, Cerrado, Caatinga, pantanal, Pampa e Mata Atlântica, tiveram de conhecer suas riquezas e problemas. Tiveram de imitar bichos, conhecer índios, cozinhar e provar comidas típicas (feitas ao seu jeito). Cantaram músicas, conheceram a cultura de outros recantos do Brasil, com suas lendas, brincadeiras e tradições.

Isto é formidável. A criança que conhece a cultura de seus antepassados, que conhece a cultura do seu país, vai respeitá-la e valorizá-la quando crescer. Será um cidadão mais completo. Por isso dou meus parabéns a UEB, aos Organizadores da Caçada e a todos os Escoteiros que dela participaram.

Somos gaúchos e Rodrigo (meu filho) veio me dizer que estavam viajando, no domingo pela manhã, pela Caatinga. Conheceram no Nordeste o Cordel. E a tarefa foi improvisar, esculpindo em uma batata ou qualquer outro material, uma xilogravura, daquelas de cordel. Mas, não só isso, deveriam escrever um pequeno cordel.

Confesso que sou um apaixonado por Cordel, tenho quase uma centena, quando vou ao Nordeste compro vários e, peço aos amigos que vão ao Nordeste me tragam alguns de presente. Busquei alguns, mostrei a meu filho e ele me mostrou o Cordel, feito por Chefes do Nordeste para inspirá-los.

E lá foi meu Rodrigo, do alto de seus 10 anos escrever um cordel. Um gaúcho escrevendo cordel. Orgulho de um pai coruja. Não sei se ficou bom, em minha opinião é maravilhoso. Pediu-me ajuda com algumas palavras da rima, só isso, o resto fez só.

Peço aos amigos a paciência de ler este pequeno cordel, da lavra de meu pequeno Rodrigo. Espero que gostem (na foto abaixo a tentativa de xilogravura que ele fez).

 

Cordel dos lobos da Caatinga

 

Lobinhos, nossa Alcateia

Saiu da Jungle e apareceu aqui

Na Roca, nossa plateia

Veio dar no Cariri

E na cabeça veio a ideia

E o Akelá (1), de gibão de couro, eu vi

 

 

No Nordeste temos clima seco

A Caatinga, lugar onde gente mora

Ali o calango, da criança, é o boneco

Ali o Lobinho se aprimora

Seu uivo dá o eco

E a vida se revigora

 

 

Desde as Terras do cabeça de Cuia

À bela Terra Potiguar

Pelo São Francisco, canoa e sacuia

Os Lobinhos foram alcançar

A Caatinga, terra sem mucuia

Com sua beleza espetacular.

 

 

(1)  Akelá é o Chefe dos Lobos.

 

 

Espero que meus confrades nordestinos não tenham se ofendido de chamar tão singelos versos de cordel. É apenas orgulho de um pai coruja e besta.


CAPA DO CORDEL



terça-feira, 8 de setembro de 2020

MEU 7 DE SETEMBRO

 



 

A data Magna de nossa INDEPENDÊNCIA do jugo Português sempre me foi muito cara. Lembranças de minha tenra infância ainda estão vivas em minhas memórias.

Não sei se são verdadeiras ou, apenas ‘flashs’ de histórias do passado. Mas me recordo de ir, de mãos dadas com meu avô, assistir aos desfiles militares na Avenida Duque de Caxias, em frente ao Quartel do 9º BIMtz. Devia ter 3 ou 4 anos, por isso as lembranças são como névoas em minha mente.

Mais vívidas, talvez porque minha mãe ainda guarda algumas fotos da época, são dos desfiles, na mesma avenida, a partir de 1978, com cinco anos no jardim de infância do Colégio Municipal Balbino Mascarenhas. Era uma Escola simples de periferia, mas desfilávamos garbosos atrás de uma pequena Banda Escolar. Minha mãe fez um sacrifício e me comprou uma pilcha, então eu desfilei à frente da escola, carregando a bandeira e ostentando o título de Gaúcho Mirim. Segundo minha mãe a menina (a Prenda Mirim) que me fazia par se chamava Karen. Nunca mais vi, apenas nas fotos dos 3 ou 4 anos seguintes em que desfilamos lado a lado sempre como Gaúcho e Prenda Mirins.

Mais do que o desfile em si, com todos os colegas uniformizados garbosos, marchando em homenagem a Pátria, ficaram-me as lembranças dos dias a fio que treinávamos, marchando no pátio do Colégio ou cantando hinos e canções patrióticas.

Neste interim o desfile mudou para a Avenida Bento Gonçalves, onde se localiza o Altar da Pátria e o Fogo Simbólico. Ao lado da Boca do Lobo, Estádio do Glorioso Esporte Clube Pelotas, o Lobo Áureo-Cerúleo. Estádio este que é o mais antigo campo de futebol, em funcionamento contínuo, do Brasil, desde 1908.

Ali continuei meus desfiles. Mudei de Escola, meu Colégio só atendia até a quinta série, as coisas tinham melhorado e fui para uma Escola particular de classe média. Lá fui coordenar o Jornal da Escola, misto de Grêmio e Centro Cívico e continuei nas boas vibrações do 7 de setembro. Lá conheci, ainda que de forma um pouco tardia (já tinha 12 anos) o Movimento Escoteiro, onde algum tempo mais tarde, passei a desfilar em um garboso uniforme de calças curtas.

Fui fazer meu ensino médio (com 13 anos) na famosa Escola Técnica Federal de Pelotas, à época considerada a segunda melhor escola técnica industrial do país. Lá diante de uma potência, tive acesso ao grupo de Escoteiros da própria ETP. Tornei-me Escoteiro, Presidente do Centro Cívico e do Grupo Ecológico Tucunaré. 

A Escola Técnica da época seguia a risca a lei (válida até hoje e, sumariamente ignorada) que preconizava a cada 15 dias um momento cívico nas escolas. Tínhamos a cada quinze dias uma palestra sobre temática cívica, onde algumas turmas eram ‘convidadas’ a assistir e, quinze dias depois uma efeméride no Pátio de Educação Física, com hasteamento de bandeiras, hinos e palestra cívica.

Autoridades militares e, até o Prefeito e Vereadores se faziam presentes junto com a Banda do Exército, da Brigada Militar (PM Gaúcha) ou com a Possante (a multipremiada Banda Marcial da Escola Técnica). Os alunos acabavam matando a Educação Física e assistindo ‘voluntariamente’ a Cerimônia.

Eu recebia da Direção a autorização de naqueles dias não participar das aulas. Nestes dias eu organizava bandeiras, adriças, trabalhava recebendo as autoridades, etc. Claro que depois das aulas, na mesma noite eu tinha de assistir aulas de recuperação dos conteúdos e fazer os trabalhos perdidos. Os professores, por ordem da Direção tinham de atender a mim e aos colegas que ajudavam nas cerimônias. Muitos professores, principalmente de ciências humanas ficavam muito ‘felizes’ com este retrabalho.

Com os Escoteiros a realidade da Semana da Pátria se multiplicou. Íamos junto com os militares buscar a Chama (no RS geralmente a fagulha que acende as Piras da Pátria sai da Fazenda Boqueirão, onde uma família mantém um Fogo Crioulo aceso a mais de 200 anos). Acompanhávamos, a meia-noite do dia 31 de agosto o hasteamento das bandeiras. E do altar da Pátria íamos para nossos acampamentos, montados dias antes, na Praça atrás do Altar.

Estes acampamentos eram a casa dos Escoteiros pelos próximos 7 dias, dormíamos, comíamos, jogávamos ali. Também tínhamos uma escala de Guarda, junto com os militares, onde ficávamos em pé, posição de sentido, guardando a chama. E aí de quem a desrespeitasse, brotavam escoteiros, as dezenas, com seus bastões, prontos para ensinar civismo ao incauto.

Ir em casa só para tomar banho e na escola só para fazer provas e trabalhos.  Na noite de 6 para 7 de setembro fazíamos uma vigília que terminava as 5 da manhã quando íamos até em casa para um banho e um uniforme limpo e impecável. Sete horas estávamos de volta a Avenida para garbosamente desfilar.

Cresci e fui fazer parte da Liga de Defesa Nacional, organizando a Semana da Pátria. Agora de rádio na mão ajudava a coordenar, zelosamente, os desfiles. Com os DeMolays e, depois, com os Irmãos da Maçonaria acompanhei as homenagens ao Patriarca José Bonifácio, sempre em sua estátua as 07:30h da manhã do dia 7. E, como partícipe ativo das festividades, era convidado à Cerimônia do ‘Vinho de Honra’, que encerrava os festejos, no Centro Português 1º de Dezembro.

Segui, já na vida profissional, participando ativamente das festividades, agora representando os Reitores da Universidade que consideravam a Semana da Pátria enfadonha, azar deles.

Depois mudei-me para Santana do Livramento, onde como Diretor Geral da Universidade Federal do Pampa (que estava em implantação, por isso não tinha Reitor ainda) acompanhei diversas cerimônias lindas, onde irmanados militares brasileiros e uruguaios marchavam juntos, nas datas cívicas do Brasil e do Uruguai.

Voltei a Pelotas e fui morar a uma quadra do altar da Pátria. Nas manhãs das Semanas da Pátria vindouras lá estava eu, na Estátua de José Bonifácio, no Altar dos desfiles, ect. Agora carregando no colo ou pela mão meu pequeno filho. 

No ano passado fui, pela primeira vez, assistir ao meu filho, Lobinho, desfilar com seu Grupo de Escoteiros.

Neste ano, além da peste chinesa, tivemos a suspensão das festividades pátrias. Partiu meu coração, depois de 45 anos em que só não participei da Semana da Pátria no ano em que morava na Espanha, ver tudo vazio.

Estive na Avenida e o Altar sem bandeiras ou chama era guardado por dois guardas municipais, ali postados para evitar aglomerações. Nem mesmo aqueles energúmenos, que tanto me incomodavam, por sentarem-se desrespeitosamente no Altar, estavam por ali.

Doeu mesmo, passaram anos de lembranças ante meus olhos. Elevei os pensamentos à Pátria e entoei, silenciosamente, em minha mente os Hinos e Cânticos cívicos que fizeram alegres meus setembros.

O amor a Pátria continua o mesmo, a alegria, por hora foi sequestrada pela mídia, pelos interesses, pelos idiotas, idólatras do vírus chinês. Mas meu coração soprou-me que deixe estar. Nos os venceremos, como vencemos todos os inimigos da Pátria.

A eles sobrará o lado mau da história, as cinzas das memórias ridículas e o peso das mortes que vieram e virão seja pelo obscurantismo que condenou a cloroquina ou pela quebradeira econômica que o ‘distanciamento social’ provocará.

Isto sem contar nas crianças sem escola e sem educação e nos desvios e roubos de nossos ‘desgovernantes’. Diz um ditado que: A única piedade que merecem os inimigos da Pátria é uma morte rápida e sem dor.

Não, não desejo suas mortes, desejo apenas que o futuro se lhes incuta o sofrimento que seus atos, práticas e pregações incutiram a todo um país. E que no ano que vem e, mais ainda, em 2022, possamos encher nossas praças e avenidas, num retumbante canto de regozijo pátrio.


SALVE O BRASIL! BRASIL ACIMA DE TUDO!

 

 

P.S.: Ao final da noite fui convidado para um momento cívico do Grupo de Escoteiros de meu filho. Ali, virtualmente é claro, depois das homenagens a Pátria fizeram a entrega a Rodrigo, meu filho de 10 anos, da Insígnia do Cruzeiro do Sul. Este é o mais alto grau que um Lobinho (escoteiros de 7 a 11 anos) pode alcançar e, é bastante raro, pois demanda diversas (centenas, para ser exato) de provas e atitudes cotidianas para que a criança seja considerada merecedora de ser um Cruzeiro do Sul. Parabéns meu filho! E, O MELHOR POSSÍVEL (Lema dos Lobinhos).

quarta-feira, 19 de agosto de 2020

Os Bichos

 


 

Antes que falem esta distopia é claramente inspirada no genial George Orwell e sua Revolução dos Bichos. Mas aqui os porcos não estão poder, chafurdam na lama na sujeira lá e acolá, mas o poder pertence a outros bichos, mais escrotos e perigosos.

Há algum tempo atrás uma peste, um morcego vindo da China fez desaparecer a espécie humana. Uns dizem que os humanos não sumiram, estão apenas escondidos em suas cavernas modernas, conhecidas por casas e apartamentos, mergulhados num mundo semelhante ao Mundo das Ideias descrito por Platão. Mas este transe, a que os humanos sucumbiram, foi provocado por um aparelho barulhento que das paredes da caverna transmite todo tipo de besteira, mentira e paranoia. Quando os humanos tentam ver as sombras que se projetam do lado de fora de suas portas são contidos, aos gritos, por seus aparelhos de televisão e por imagens de deidades, influenciadoras de opinião, que repetem sem parar: fique em casa!

Sem homens a terra ficou para os bichos, que tiveram que se organizar em grandes e pequenas fazendas, distribuindo os poderes e tarefas. Claro que poderes para uns poucos e tarefas para os demais. Nosso pago virou um fazendão, o fazendão verde-amarelo.

Um fazendão meio diferente, com uns bichos esquisitões. Aqui as panteras negras por exemplo queria ser panteras afrodescendentes, diziam-se trazidas a força de outros pagos, embora sejam legítimas onças (Panthera onca), nascidas e criadas nestas terras.

E os bichos foram ocupando seus espaços. Algumas espécies dominaram nichos específicos, não que outros bichos não pudessem estar naquele espaço, mas era difícil. No fazendão ninguém podia se fazer de pato a ganso.

A política, com suas câmaras, assembleias e senados ficou para os ratos, ratazanas e camundongos, as vezes aparecia alguma cobra por ali. Mas as cobras preferiam se esconder nos cargos comissionados do serviço público, onde viram aliadas de primeira hora das ratazanas. As cobras inclusive mudaram seus hábitos alimentares agora comiam caviar, peru, lagosta e vinhos finos.

Os cargos subalternos do serviço público, aqueles em que teoricamente tem que se fazer alguma coisa, forma ocupados por elefantes, gordos e lentos, paquidérmicos literalmente. E por bichos-preguiça. Estes também estavam nos sindicatos, sempre parados, tão parados que nem greve mais precisavam fazer.

A imprensa foi ocupada por corvos, papagaios e gralhas, que ecoavam sem parar as mesmas mentiras e profecias que retumbavam nas cavernas das sombras dos homens, uma cacofonia de: Fique em casa! Fique em casa! Fascista! Machista! Bichofóbico (deveria ser homofóbico?!)! E,... Fique em Casa!

Nas artes e cultura animal deu grilo. Os macacos tomaram conta. Bonobos andando literalmente de pau na mão, viraram símbolos da cultura. E o costume símio de cagar na mão e jogar a merda nos outros virou a expressão máxima das artes. Claro que aqui também pululavam peruas, veados e vacas sagradas, aquelas vacas de famílias tradicionais.

A justiça ficou a cargo das serpentes, embora o Pretório Excelso tenha ficado para os Urubus-Rei togados. Adoram chafurdar na carniça e se acham os Reis onipresentes e oniscientes, sabem de tudo e de todos. Dizem, as más línguas que têm uma franga e um pavão escondidos no meio dos urubus. Mas deve ser fofoca, tem até um urubuzinho, o mais novo que ainda não saiu do ovo, fica andando pra lá e pra cá com o ovo na cabeça.

Mas por trás de tudo e de todos estão os lobos. Eles mandam em tudo, ficam com a melhor parte do espólio, caçam em bando e protegem a matilha. Se disfarçam bem no mato do fazendão é muito difícil vê-los e, se você chegar muito perto eles acionam os chacais que controlam a guilda dos advogados e, pronto, os urubus togados mandam você para o xilindró. Deixe os lobos em paz, este é meu conselho.

O único lugar em que os lobos aparecem e fazem questão de controlar as vistas de todos é a Universidade dos Bichos. As vezes uns ratos ajudam os lobos com a tarefa de (des)educar. Lá eles manipulam todos, formando as ovelhas que lhes servirão de repasto no futuro. Quem é educado por lobos, ou lobo é ou vira ovelha e, ovelhas são o jantar.

E os cães de guarda, os cães pastores? Estes foram presos nos quartéis e se tentam sair os papagaios da imprensa começam a gritar: É golpe! Quartelada! Ditadura!

O resto da bicharada carrega o piano, literalmente, trabalha para sustentar os poderosos. São patos, burros de carga, cavalos de arado, camelos e tantos mais. Trabalham de sol a sol, como formigas, gerando comida e dinheiro para os “grandes líderes”. São tratados como rebanho, como gado. 

Gado não! Isto é ofensa. No fazendão, onde a moda é ser vegetariano e vegano (e só comer lagosta, caviar e churrasco escondido) é pecado ser bovino (a menos que você seja uma vaca sagrada), afinal bovinos peidam e aumentam o efeito estufa. Pelo menos é o que disse Greta, uma Lemingue esquisitona, nascida lá pela Escandinávia que vai na frente e é seguida por um monte de idiotas úteis.

Para facilitar a administração do fazendão dividiram tudo em potreiros e os potreiros em currais. E entregaram a administração para cada bicho mais escroto. Por aqui, hoje, temos um Veado e uma Vaca (sagrada). Noutra crônica contarei uma que a Vaca nos aprontou. 

Mas o que virou zona mesmo foi a Presidência do Fazendão. Já tentaram de tudo. Depois que prenderam os cães de guarda nos quartéis, trouxeram uma Morsa, um bicho com um bigodão, metido a poeta, adorava marimbondos. Depois veio um Galo, disseram que era de Galo de Briga, mas acabou sendo um garnizé. Foi trocado por um Pica-pau que só tinha a crista.

Depois veio um Tucano, tinha cara de Macaco, dizia que era uma coisa esquisita, que ninguém sabia muito para que servia, sociólogo, pode ser? É sociólogo, mas no fundo era um Tucano, de uma raça rara, Tucano Vermelho. Tentaram trocar por um bicho marinho, afinal o Fazendão tem mar de sobra.

Veio então um Molusco, uma Lula, de tão ladra que era roubou seu próprio tentáculo, ficou só com nove. E a tal Lula gostava de viver em um ambiente líquido e, por questões de higiene, vivia mergulhada no álcool (ou na cachaça) como queiram. Depois veio uma Anta. Dessa nem preciso alar, seus discursos antalógicos, ou melhor, antológicos falam por ele.

Mas nos últimos tempos o povo, os bichos que trabalham e sustentam todo mundo ficaram brabos e acabaram elegendo um Leão. Tá certo o bicho é meio tosco, ruge por qualquer coisa, parte pra briga, mas, afinal, é um Leão.

E o caldo entornou. Lobos, ratazanas, cobras e urubus estão desesperados. Tentam prender ou matar o Leão de qualquer jeito, mas os cães de guarda estão começando a se agitar. Os papagaios mudaram o grito, agora é: Fascista! Genocida! E, Fique em Casa!

Mas parece que a coisa vai ficar feia no Fazendão. Os bichos do povo perceberam que se tiver um estouro da manada e, eles são a manada não vai sobra nem poeira dos impolutos líderes que hoje vivem nos porões do poder e do serviço público.

Uma nova revolta dos bichos está crescendo e não vai ser nada boa para os bichos escrotos. Tem lobo vestindo pele de cordeiro e aprendendo a dizer mééééé. Mas no estouro da manada nada escapará, não vai ficar pedra sobre pedra. 

O Leão ruge e a manada vai atender ao rugido do Leão e marchar para retomar o seu fazendão.

Ou isso, ou o rugido do Leão despertará os homens. Que vão desligar a televisão, sair do transe, deixar suas cavernas, soltar os cachorros, por pra correr lobos, cobras, ratazanas, urubus e outros bichos escrotos. Retomando, finalmente, o país que é seu por direito.

Ouçamos o rugido do Leão e despertemos de nosso sono nas sombras! Tem muito rato para colocar a correr.

 

quinta-feira, 13 de agosto de 2020

Eu furei o lockdown da Galega.

 



 

Passei a última semana em Santo Ângelo, infelizmente meu sogro fez a passagem, descansou como dizem. Mas na última sexta-feira tive de retornar à Pelotas para dar atenção a minha mãe que já é bastante idosa. Aqui chegando qual não foi a surpresa nossa prefeita, a galega Paula, ditatorialmente, decretou lockdown na cidade.

Pelotas estava em bandeira laranja e o Governo do Estado vem afrouxando as restrições mesmo para bandeira vermelha e nossa prefeita resolveu decretar um lockdown.

Aliás desde março ela vinha fazendo esta ameaça, vou trancar tudo, vou fazer lockdown.  E, então, como uma mãe severa e caprichosa, que não foi atendida em seus caprichos pelos seus ‘filhos’ resolveu botar todo mundo de castigo.

Sabe os ‘filhos’, ou seja, o povo não fez o que mamãezinha prefeita quis e pronto ela põe a cidade de castigo. Azar se você teve de sair de casa para trabalhar, para buscar sua comida isto não interessa.

Pior é que o tranca-ruas da pandemia começou aqui muito cedo, só passamos a ter casos em número significativo no final de maio, quando chegou o frio. É assim todo ano com outras doenças respiratórias e não seria diferente com a Gripe Chinesa. Pelotas foi a última cidade com mais de 200 mil habitantes no Brasil a ter mortes. Por COVID, a primeira morte ocorreu em junho e até agora são menos de 30 mortes, pouco para uma cidade de cerca de 400 mil habitantes.

No início da pandemia um Hospital Comunitário ofereceu uma ala recém reformada para a Prefeitura fazer 20 leitos de UTI para COVID, o custo seria de cerca de 200 mil reais e serviria, depois da pandemia, para atender apenas ao SUS. O que fez a Prefeitura? Contratou um hospital de campanha, que sequer foi montado e custou o dobro. Provavelmente da mesma empresa que forneceu os hospitais de campanha do Dória. Adivinha qual o partido da Prefeita?

Sempre, em Pelotas, as liberações foram tardias. E há muita influência, nas ações da Prefeitura, de outro Ebó, o Reitorzinho da UFPel, aqui conhecido por Pedrinho Lockdown. Um professor de Educação Física que se arvorou a pesquisador na área médica, apareceu no Fantástico, quer ser candidato a deputado (provavelmente pelo PSOL) e torrou, em uma pesquisa inútil, 12 milhões de reais do Ministério da Saúde na época do Mandetta (dava para comprar 300 respiradores). O novo Ministro cortou o dinheiro, pois disse que a pesquisa era tendenciosa e não tinha embasamento científico nem utilidade. Mas o Governo do Estado continuo financiando a besteira e a campanha, é claro.

Mas vamos ao lockdown nossa prefeita encarnou o típico tiranete caudilho de republiquetas e mandou fechar tudo na cidade, a partir das 20h do sábado (véspera do dias dos pais) até as 12h horas de terça. Quem saísse à rua levaria multa de 1000 reais. 

Perdeu algumas ações na justiça: correios poderiam abrir e carteiros entregar cartas, postos de gasolina também, mas é claro o cidadão não podia sair de casa. Como nossa prefeita não tem filhos e cria cachorros resolveu flexibilizar a coisa: o cidadão só poderia sair de casa para ir ao hospital ou para levar o cachorro para passear.

Cheguei a pensar em colocar uma coleira em meu filho, chama-lo de Lulu e leva-lo para passear.

Sou indômito, decidi que descansaria no domingo, acabávamos de chegar de uma viagem de 700 km, a noite iria na minha mãe, como sempre vou e na segunda, iria com meu filho para o sítio, em uma cidade vizinha e onde o prefeito não é ridículo.

E a multa? Disse a minha mulher e, por ela fui apoiado, que se você multado, brigaria na justiça.

E o COVID? Princípios meus caros, minha liberdade não tem preço, sempre estive disposto a dar minha vida por meu país. Minha liberdade é mais importante que meu país. Portanto afirmo que é preferível morrer a perder minha liberdade, mesmo que de COVID. 

Não abro mão de meus princípios, se fizermos isto em breve estaremos numa ditadura de esquerda, levando porrada e cala-boca.

O mais ridículo foram as sirenes as 20h de sábado. Me senti num bombardeio da segunda guerra, toque de recolher. Decidi, com alguns colegas, impetrar pedidos de Habeas Corpus no STF, se é para brigar vamos brigar. Quando estávamos encerrando o pedido soubemos que o Procurador Geral do Estado impetrou uma ADI (Ação Direta de Inconstitucionalidade) contra o decreto da Galega que foi, provavelmente, psicografado pelo nosso professor de Educação Física que faz as vezes de Reitor da Federal.

lockdown, por óbvio, não surtiu efeitos foi uma aglomeração imensa na sexta e no sábado e no retorno na quarta. E no domingo pela manhã, nas vilas e bairros periféricos, todo mundo cagou e andou para Tiranete de plantão. E a Polícia que não entra em vila para prender marginais foi coerente e não entrou para fiscalizar o furo do decreto, até porque o STF proibiu, não é?

Meio-dia o TJ-RS caçou os artigos ditatoriais do decreto da Galega e, eu entrei em meu carro com meu filho e fui circular na cidade. Chance de contaminação zero, estávamos no carro, mas tudo fechado, andamos por horas a fio, por todo lado. Apenas para exercer nosso direito constitucional de ir e vir.

Na segunda a coisa começou a melhorar e fui para o Sítio voltei a noite. Na terça trabalhei pela manhã e fui ao Shopping (fazer nada) a tarde.

A ideia era furar o lockdown na marra, com autorização judicial foi mais gostos.

E nossa Tiranete de plantão ficou com cara de tacho. Agora é trabalhar arduamente para que ela não se reeleja e para impedir que o Pseudocientista, pseudomédico e, infelizmente, atual reitor, se eleja em qualquer cargo público.

Se não lutarmos por nossos valores, por nossos ideais, por nossa liberdade, nos tornaremos escravos destes pulhas e legaremos a nossos filhos uma nação amarrada com os grilhões da esquerda, do politicamente correto e das elites corruptas.

Levantemo-nos irmãos, à Pátria precisa de nosso grito nas ruas!

 

P.S.: Fiquei sabendo hoje, com muita tristeza, que devido a pandemia e as cagadas de nossos gestores fechou as portas em Pelotas o Centenário Café Aquários, ponto equivalente a Boca Maldita de Curitiba aqui em Pelotas. Durante sua longa existência o Café Aquários, ou Esquina do Já Comi, foi palco de tudo que é relevante nesta cidade. É patrimônio material da cidade e do estado do Rio Grande do Sul. Me entristece muito, como frequentador, que tenha fechado. Espero que seja só temporário.

Semana que vem farei uma coluna sobre o Café.

 

RESISTIR! LUTAR! RESISTIR!

Mas com muito orgulho posso afirmar que furei o lockdown da Galega.

segunda-feira, 3 de agosto de 2020

SONHOS...




Sonhei! Sonhei um sonho sonhado. Sonhos sonhados não são devaneios, tampouco são pesadelos, são sonhos que sonhamos acordados.
Os sonhos sonhados refletem um desejo profundo que marca alma e coração. Não tem nexo nem lógica, só profunda emoção.
Estes sonhos são aqueles que temos, racionalmente expressando desejos insatisfeitos de nossa alma, nos vem naqueles breves momentos entre o sono do sonho e o despertar da emoção.
Ao sofá, na poltrona, na cama, perto da lareira, neste frio distanciamento todos sonhamos belos sonhos sonhados. Mas a lógica e o despertar afastam-nos de seus devaneios. E que belos devaneios. Grato sou a Morfeu, que em seus braços acalentou minh’alma e permitiu-me lembrar das mágicas loucuras de meu devaneio acordado.
Preso a s sólidas amarras desta insana pandemia, fiquei a divagar sobre àqueles que se tornaram companheiro deste Bem-aventurado caminhante, que divaga e caminha, solitário, na senda de sua existência.
Aqui, neste Bestial e democrático espaço, uma ágora cibernética, encontrei confrades, amigos e debatedores excelentes e aqui na solidão de minha sala, sob o calor dos fogos dos Lares e sob os eflúvios benéficos do Néctar dionisíaco imagino, que se, quiçá, as Moiras nos permitiram um encontro desta peculiar confraria: os escribas do JBF.
Quiçá, devaneio, um encontro presencial em um lauto banquete, de uma ordem, confraria ou academia. Como sonho acordado minha razão permite tutorar um pouco o sonho. Quem sabe um jantar da Academia BestaFubanense de Letras. Imaginem!
Uma reunião dos escribas e ensacadores de ventos e fumaça, que abrilhantam e polemizam as páginas diárias deste magazine cibernético. Sob a batuta do Mestre Berto.
Não, não seríamos imortais, tais quais as múmias que habitam e sugam fluidos nas outras congêneres. Seríamos mortais e passionais. É nossa mortalidade que abastece e alenta nossa paixão como o vinho que abastece e aquece nossa alma. Pois, saibam que é a visão da garrafa que se esvazia, golfando em nossa taça as últimas gotas de seu precioso líquido, é esta visão que nos faz sorver sôfrega e prazerosamente o néctar rubro da paixão etílica.
E continuei, caros Confrades, a sonhar meu sonho acordado. Já dando-lhe asas de um Ícaro mitológico, que voa incontinente na direção da luz do sol, astro guia, que ilumina seu caminho e alma.
E neste sonho, lá estávamos todos, em um lauto banquete, instalando a Academia. Sentados à Távola retangular, com Mestre Berto à cabeceira. Retangular, não redonda?  Sim retangular, em meu sonho não há igualdade, até porque somos iguais apenas em nossas grandes diferenças. Ser diferente é o que nos faz especiais, é nossa singularidade, únicos em nossas almas, tão diferentes, que quase somos iguais. Somos múltiplos e unos. Únicos em nossa multiplicidade, Homo sapiens, Homo demens, Homo ludicus, fabrens, politkhons ou idiotha (no sentido grego da palavra). Somos muitos em um e, um em muitos.
Então à Cabeceira Mestre Berto, na cadeira número 01 da Academia, duplamente apadrinhada, traz como Patronos o Mestre Berto e a Besta Fubana, os dois unos e coesos. Ao seu lado Chupicleide, à direita e, Jessier à esquerda. Na ponta direita do retângulo-mesa, Adônis e na outra extremidade oposta ponta esquerda, separados pelo que de mais longínquo é possível, Altamir, a tudo filmar. Claro que por segurança os dois confrades usam belas coleiras com cravejados e brilhantes nomes das esposas, presas é claro a curtas correntes, evitando qualquer homenagem a Belona. Impedidos das vias de fato, mas da boca...saíram cobras e lagartos. Ao lado oposto da mesa o Confrade Goiano, às vezes de opositor, o advogado do diabo, Papa negro, ou será vermelho, sentado a cadeira do Patrono Ceguinho Teimoso
Na gigantesca távola de ágape todos nós: João Francisco, Beni, Marcos Pontes, Deco, Joaquim Francisco, Roque, Assuero, Bertoluci, Cavalcanti, Maurino, Bernardo, Dudu Santos, Aristeu, Brito, Ivan, Cícero Tavares, Arthur Tavares, José Ramos, Gonzaga, Agostini, Brickmann e todos outros que se aqui não cito, são vívidos em meu sonho tal qual o são em nossos corações. Todos retratados pela pena de Sponholz, caricaturas e caricatos.
E sentados frente a frente este que vos fala, no papel de escriba e o orador. Escriba eu? Sim, porque o sonho sonhado é meu e nele designo-me a função que melhor aprouver. Então o homem de Léon fazendo o papel de escriba, secretario ad hoc deste nosocômio, papel que qualquer um dos outros confrades desempenharia de melhor forma, mas que o façam nos seus sonhos.
E nosso orador é ele, o senhor Panza, Sancho o santo ou louco. E Berto, fez uso da palavra, e entronou todos e cada um em suas cadeiras, deu-nos ante a mortalidade de nossas vidas e a finitude de nossas obras, a oportunidade de viver pelos tempos imemoriais das paixões fubânicas. E, todos devidamente entronados, nas cadeiras que salvo raras exceções eles próprios patrocinaram, seguiu-se lauto baquete, de comes e bebes estranhos e peculiares, como peculiares e, até estranhas eram as roupas dos convivas.
Não havia fardão, uniforme ou fantasia, pois, todos ali estavam em alma e coração, e alma e coração não se vestem, se despem. E os comes e bebes, lautos e fartos, a todos satisfaziam, pois Confrades cum pannis são, compartilhando o pão que nutre corpo e alma. E, da cachaça, elixir etílico, que embriaga o corpo e entorpece a alma, todos bebericaram sem cerimônia sabedores que a boa prosa é o vinho do espírito.
E conversas só miolos de pote. Até que reinou o silêncio respeitoso para o discurso de nosso orador Sancho. Belo e fascinante discurso, impossível de registra em palavras escritas, tal qual é impossível de compreender.
Seguiu-se a análise dos trabalhos, feita pelo nosso contraditório Goiano. Pela primeira vez, com ele todos concordamos, ao analisar a bela e rebuscada prosa de nosso orador, disse: “Sancho! Belíssimo discurso. Não entendemos porra nenhuma. Mas foi um discurso belíssimo. Pois quem fala com o coração não transmite palavras ou ideias, transmite sentimentos e, todos sentimos junto contigo!
E, a giza de encerrar, disse-nos Goiano: - Mestre Berto fortes, sábios e belos foram todos os afazeres aqui, hoje desempenhados. Traduziram-se aqui a força, a beleza e a sabedoria tal qual as três colunas gregas que sustentam os panteões do mundo.
E disse o Mestre Berto: Satisfeitos, vão em paz confrades.
E meu sonho sonhado foi chegando ao fim, mostrando o que deseja esta alma cansada da jornada da vida. Deseja descansar, falando bobagens ao lado de seus confrades fubânicos. Sonho impossível? Talvez não nestes tempos internéticos. Talvez possamos nos reunir virtualmente, uma noite usando dos recursos disponíveis e jogar conversa fora por alguns momentos. Pense nisto Mestre Berto.
E este foi, caros Confrades, meu Sonho Sonhado, aquele que sonhei acordado.
Abraços Fubânicos.