segunda-feira, 3 de agosto de 2020

SONHOS...




Sonhei! Sonhei um sonho sonhado. Sonhos sonhados não são devaneios, tampouco são pesadelos, são sonhos que sonhamos acordados.
Os sonhos sonhados refletem um desejo profundo que marca alma e coração. Não tem nexo nem lógica, só profunda emoção.
Estes sonhos são aqueles que temos, racionalmente expressando desejos insatisfeitos de nossa alma, nos vem naqueles breves momentos entre o sono do sonho e o despertar da emoção.
Ao sofá, na poltrona, na cama, perto da lareira, neste frio distanciamento todos sonhamos belos sonhos sonhados. Mas a lógica e o despertar afastam-nos de seus devaneios. E que belos devaneios. Grato sou a Morfeu, que em seus braços acalentou minh’alma e permitiu-me lembrar das mágicas loucuras de meu devaneio acordado.
Preso a s sólidas amarras desta insana pandemia, fiquei a divagar sobre àqueles que se tornaram companheiro deste Bem-aventurado caminhante, que divaga e caminha, solitário, na senda de sua existência.
Aqui, neste Bestial e democrático espaço, uma ágora cibernética, encontrei confrades, amigos e debatedores excelentes e aqui na solidão de minha sala, sob o calor dos fogos dos Lares e sob os eflúvios benéficos do Néctar dionisíaco imagino, que se, quiçá, as Moiras nos permitiram um encontro desta peculiar confraria: os escribas do JBF.
Quiçá, devaneio, um encontro presencial em um lauto banquete, de uma ordem, confraria ou academia. Como sonho acordado minha razão permite tutorar um pouco o sonho. Quem sabe um jantar da Academia BestaFubanense de Letras. Imaginem!
Uma reunião dos escribas e ensacadores de ventos e fumaça, que abrilhantam e polemizam as páginas diárias deste magazine cibernético. Sob a batuta do Mestre Berto.
Não, não seríamos imortais, tais quais as múmias que habitam e sugam fluidos nas outras congêneres. Seríamos mortais e passionais. É nossa mortalidade que abastece e alenta nossa paixão como o vinho que abastece e aquece nossa alma. Pois, saibam que é a visão da garrafa que se esvazia, golfando em nossa taça as últimas gotas de seu precioso líquido, é esta visão que nos faz sorver sôfrega e prazerosamente o néctar rubro da paixão etílica.
E continuei, caros Confrades, a sonhar meu sonho acordado. Já dando-lhe asas de um Ícaro mitológico, que voa incontinente na direção da luz do sol, astro guia, que ilumina seu caminho e alma.
E neste sonho, lá estávamos todos, em um lauto banquete, instalando a Academia. Sentados à Távola retangular, com Mestre Berto à cabeceira. Retangular, não redonda?  Sim retangular, em meu sonho não há igualdade, até porque somos iguais apenas em nossas grandes diferenças. Ser diferente é o que nos faz especiais, é nossa singularidade, únicos em nossas almas, tão diferentes, que quase somos iguais. Somos múltiplos e unos. Únicos em nossa multiplicidade, Homo sapiens, Homo demens, Homo ludicus, fabrens, politkhons ou idiotha (no sentido grego da palavra). Somos muitos em um e, um em muitos.
Então à Cabeceira Mestre Berto, na cadeira número 01 da Academia, duplamente apadrinhada, traz como Patronos o Mestre Berto e a Besta Fubana, os dois unos e coesos. Ao seu lado Chupicleide, à direita e, Jessier à esquerda. Na ponta direita do retângulo-mesa, Adônis e na outra extremidade oposta ponta esquerda, separados pelo que de mais longínquo é possível, Altamir, a tudo filmar. Claro que por segurança os dois confrades usam belas coleiras com cravejados e brilhantes nomes das esposas, presas é claro a curtas correntes, evitando qualquer homenagem a Belona. Impedidos das vias de fato, mas da boca...saíram cobras e lagartos. Ao lado oposto da mesa o Confrade Goiano, às vezes de opositor, o advogado do diabo, Papa negro, ou será vermelho, sentado a cadeira do Patrono Ceguinho Teimoso
Na gigantesca távola de ágape todos nós: João Francisco, Beni, Marcos Pontes, Deco, Joaquim Francisco, Roque, Assuero, Bertoluci, Cavalcanti, Maurino, Bernardo, Dudu Santos, Aristeu, Brito, Ivan, Cícero Tavares, Arthur Tavares, José Ramos, Gonzaga, Agostini, Brickmann e todos outros que se aqui não cito, são vívidos em meu sonho tal qual o são em nossos corações. Todos retratados pela pena de Sponholz, caricaturas e caricatos.
E sentados frente a frente este que vos fala, no papel de escriba e o orador. Escriba eu? Sim, porque o sonho sonhado é meu e nele designo-me a função que melhor aprouver. Então o homem de Léon fazendo o papel de escriba, secretario ad hoc deste nosocômio, papel que qualquer um dos outros confrades desempenharia de melhor forma, mas que o façam nos seus sonhos.
E nosso orador é ele, o senhor Panza, Sancho o santo ou louco. E Berto, fez uso da palavra, e entronou todos e cada um em suas cadeiras, deu-nos ante a mortalidade de nossas vidas e a finitude de nossas obras, a oportunidade de viver pelos tempos imemoriais das paixões fubânicas. E, todos devidamente entronados, nas cadeiras que salvo raras exceções eles próprios patrocinaram, seguiu-se lauto baquete, de comes e bebes estranhos e peculiares, como peculiares e, até estranhas eram as roupas dos convivas.
Não havia fardão, uniforme ou fantasia, pois, todos ali estavam em alma e coração, e alma e coração não se vestem, se despem. E os comes e bebes, lautos e fartos, a todos satisfaziam, pois Confrades cum pannis são, compartilhando o pão que nutre corpo e alma. E, da cachaça, elixir etílico, que embriaga o corpo e entorpece a alma, todos bebericaram sem cerimônia sabedores que a boa prosa é o vinho do espírito.
E conversas só miolos de pote. Até que reinou o silêncio respeitoso para o discurso de nosso orador Sancho. Belo e fascinante discurso, impossível de registra em palavras escritas, tal qual é impossível de compreender.
Seguiu-se a análise dos trabalhos, feita pelo nosso contraditório Goiano. Pela primeira vez, com ele todos concordamos, ao analisar a bela e rebuscada prosa de nosso orador, disse: “Sancho! Belíssimo discurso. Não entendemos porra nenhuma. Mas foi um discurso belíssimo. Pois quem fala com o coração não transmite palavras ou ideias, transmite sentimentos e, todos sentimos junto contigo!
E, a giza de encerrar, disse-nos Goiano: - Mestre Berto fortes, sábios e belos foram todos os afazeres aqui, hoje desempenhados. Traduziram-se aqui a força, a beleza e a sabedoria tal qual as três colunas gregas que sustentam os panteões do mundo.
E disse o Mestre Berto: Satisfeitos, vão em paz confrades.
E meu sonho sonhado foi chegando ao fim, mostrando o que deseja esta alma cansada da jornada da vida. Deseja descansar, falando bobagens ao lado de seus confrades fubânicos. Sonho impossível? Talvez não nestes tempos internéticos. Talvez possamos nos reunir virtualmente, uma noite usando dos recursos disponíveis e jogar conversa fora por alguns momentos. Pense nisto Mestre Berto.
E este foi, caros Confrades, meu Sonho Sonhado, aquele que sonhei acordado.
Abraços Fubânicos.

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