terça-feira, 31 de janeiro de 2017

O ‘X’ da questão



A prisão de Eike Batista já não me surpreende como as prisões semelhantes surpreenderam no início da Operação Lava-jato e congêneres.
Não surpreende porque já está demonstrado que a justiça brasileira possui maturidade para prender empresários bilionários e mantê-los presos. Já está demonstrada a eficiência das ações coordenadas entre o MPF e a Polícia Federal. E, principalmente a coragem e competência de juízes de primeira instância como Moro e Bretas, que tem prendido e julgado de forma competente.
Tanto que poucos de seus atos são reformados em instâncias superiores. A sua coragem inspira mas ainda não se reproduz nos tribunais superiores onde já deveria ter sido julgada e condenada toda a sucia que habita nossa política. Mas onde as poucas ações já abertas avançam e retrocedem em um movimento lento e desuniforme. Senhores Ministros espelhem-se nos juízes da primeira instância!
O que me chamou a atenção no caso de Eike é a peculiaridade dos fatos, de como ele se entregou e de como tem se referido ao caso.
Eike não nega os seus feitos e afirma que está ali para colaborar com a justiça e que deve pagar por seus erros. Quem passou a vida no Brasil acaba por ser no mínimo desconfiado. Portanto acho que ai tem.
Eike, a exemplo de outros enrolados nas diversas operações contra a corrupção, vem de berço nobre. Nunca foi pobre e sempre foi ousado no mercado amealhando mais e mais dinheiro durante sua vida. Mas seu ponto de inflexão positiva ou o ponto bilionário deu-se com a chegada do PT ao poder, coincidência?
Pode ser. Mas sua proximidade com Lula, Dilma, Cabral e outros poderosos poderia ser no mínimo motivo de desconfiança. No caso de sua relação com Sérgio Cabral já está provada a virulência do ataque aos cofres públicos.
Eike era o bilionário brasileiro, um dos campeões do PT, símbolo do novo empresariado brasileiro sob a égide vermelho-estrelada. Ostentou sua proximidade com o poder e foi ostentado pelos Governos do PT e outros. 
Lula, Dilma et caterva estavam sempre ali junto a Eike. Fotos, elogios discursos, festas, viagens juntos, empréstimos de jatinhos, de carros, doações entre outras coisas colocam todos no mesmo saco. O imbróglio é tão grande que ninguém teve coragem de negar. E a prisão de Eike deve estar prejudicando o sono de muitos poderosos de hoje e de outrora.
Vou arriscar-me um pouco nas teorias da conspiração. Já ouvi algumas vezes que Eike seria o ‘grande laranja’ dos Governos e Governantes, especialmente os vermelho-estrelados. Há provas? Sim algumas que podem no mínimo incitar suspeitas e uma série de coincidências estranhas.
Vejam tudo ia bem nos negócios de Eike, mas quando a Lava-jato começou a fechar as torneiras do dinheiro fácil, em plenas eleições presidenciais e com uma necessidade estúpida de dinheiro para ‘calar bocas’ e ‘molhar mãos’, eis que o Império X quebra. Será que não foi necessária uma capitalização rápida dos parceiros de laranjal? Há que investigar.
Passa o tempo e o Império X não se reergue e o que faz Eike procura o MPF com denúncias. Depois tem a chance de fugir para a Alemanha, alertado por seus ‘camaradas’ da Operação (in)eficiência da PF e se entrega, o que houve?
Eike deve uma ‘vela e um cachimbo’, como dizia meu avô, ao Fundo Soberano de Abu Dhabi e outro tanto a investidores americanos e ao BNDES. Na Alemanha poderia escapar da justiça brasileira mas não escaparia das longas mãos destes credores. Mas a pergunta de alguns bilhões de dólares é, quanto Eike ainda ‘deve’ a seus parceiros de maracutaia? Quanto deve aos verdadeiros donos do Laranjal X?
Esta resposta começa a ser dada com sua prisão e aparecerá em uma provável delação premiada. Jogada arriscada? Sim, mas de grande inteligência. Ao assumir sua culpa e delatar os ‘companheiros’ de jogo Eike provavelmente escapará de ter de pagar sua grande dívida, a parte dos sócios. E se demonstrar como os ‘sócios’ dilapidaram o dinheiro do BNDES poderá até equalizar estas dívidas.
Feito isto fica mais fácil negociar com os estrangeiros (Abu Dhabi e americanos). Com sorte poderá permanecer com um bom patrimônio escondido ou no nome de parentes e cumprir uma pena pequena. Uma jogada de mestre. Mas para isto terá de entregar ao Brasil ‘o nome do sócio’.
Deve ter gente realmente insone. Lembremo-nos que Eike era o papagaio de pirata e garoto propaganda do Governo Lula. Eike era muito mais próximo de Lula, Dilma, Cabral e do PT que por exemplo Marcelo Odebrecht. Portanto seu potencial de estrago é enorme.
Raspar o cabelo, pagar ‘cana’, voltar ao país espetacularmente faz parte do jogo de ostentação típico de Eike. Acho que o Senhor X está jogando e esta, finalmente, poderá ser uma jogada boa para o Brasil. Tomara!
O X da questão é quanto e quem Eike está disposto a entregar. Se vier com peixes pequenos ou blefes vai acabar mofando na cadeia. No atual momento sua jogada só terá sucesso se ele entregar os tubarões.
E o Senhor X poderia começar dando um sinal de boa vontade. Contando à Polícia quem vazou a operação que iria prendê-lo.

E aí Eike está na hora de marcar o seus X na Lava jato!

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