quarta-feira, 4 de janeiro de 2017

A Universidade Pública é o Lixo da Política Parte II


            [...] Por que estou desesperadamente desesperançoso com a capacidade crítica de nossa Universidade Pública? Porque compreendo que ela é o loci da transformação social e esta transformação pressupõe debate, embate, discordância, fluxo e contra-fluxo de ideias. Só que na Universidade pública brasileira, faz muito tempo, desapareceu a diversidade de pensamento. Há apenas uma unicidade do pensamento ideologizado de esquerda, repetido como um mantra em todos os recantos da Universidade e qualquer divergência mínima deste pensamento é combatida até a destruição. A patrulha ideológica é real e cruel no ambiente universitário, arrasa carreiras, amedronta e agride.
Mas o buraco é mais embaixo ainda. Por que se faz política nas Universidades públicas? Simples, dinheiro e poder. Uma Universidade ou Instituto Federal têm um orçamento anual (incluídas as folhas de pagamento) que suplanta a grande maioria dos municípios de médio porte brasileiros. Um Reitor em uma Universidade pública tem centenas de cargos de confiança para nomear, muito mais que os prefeitos dos municípios que as abrigam. 
São cargos que podem ser usados para nomear correligionários de fora da Universidade ou pessoal da própria Universidade (na maioria dos casos) e os valores das CC’s somam-se aos salários dos servidores variando entre R$ 600,00 a mais de R$ 7000,00 (há funções de menor valor mas a maioria se situa nesta faixa, no caso das Universidades e Institutos Federais).
Há também o poder de indicar pessoas para Comitês e Conselhos, a destinação de bolsas, de verbas de pesquisa e extensão, diárias, viagens nacionais e internacionais e uma série benesses para os mais próximos e apaniguados do poder ‘reitoral’. Por exemplo qualquer Universidade e/ou Instituto Federal tem em suas contas pelo menos uma centena de telefones celulares ditos institucionais, com as contas liberadas e pagas pelo povo, que são distribuídos para aqueles que comungam das benesses e da proximidade do gestor.
É muito poder e dinheiro e isto cresceu mais ainda durante os Governos do PT com a expansão Universitária. Esta expansão foi feita de forma politiqueira e não técnica e, ao invés de qualificar os cursos (muitas vezes precários) já existentes, passaram a abrir campi nos mais diversos rincões do país. 
Na maioria das vezes a expansão se deu através de escolhas políticas, ou seja, o prefeito ou um deputado da região fazia parte de partidos da base ou tinha influência suficiente e pronto a cidade ganhava um campus de Universidade ou Instituto Federal, as vezes dos dois. 
Há municípios em são ofertadas mais vagas de ingresso no ensino superior do que egressos do ensino médio, anualmente. Dinheiro jogado fora e, em municípios que faltam estruturas mínimas para o ensino básico. Pura politicagem.
Mas os partidos políticos de esquerda, que já dominavam o ambiente universitário, aproveitaram para aparelharem ainda mais as Universidades promovendo mais um expurgo das ideias contrárias.
O grande poder econômico e estratégico dos reitores e da gestão nas Universidades e Institutos públicos (especialmente federais) fez com que partidos como PSOL, PSTU, PSB, PC do B, PT e Rede passassem a disputar quase a tapa estes cargos. Fazendo qualquer coisa pelo poder gestor nas Universidades, tornaram ainda mais suja a prática política em nossa academia.
A eleição para Reitor, além de encerrar um poder bastante considerável no cargo, é realizada em um ambiente em que há grande hegemonia ideológica (apesar da grande disparidade de interesses individuais e de grupo) mas um ambiente restrito. 
Praticamente, além da disputa entre os candidatos a única divergência é sobre o tipo de voto Universal (o voto tem peso individual) ou Paritário (cada grupo professores, técnicos e alunos tem 1/3 do peso final nas eleições). O que é um absurdo pois quem paga a conta, os salários e a ineficiência destas instituições é a sociedade e ela, a sociedade, é solenemente ignorada e desprezada no processo de escolha dos gestores desta montanha de dinheiro público.
Lançada a eleição é a política do vale-tudo. Promessas, mesmo ilegais, viagens, cargos, bolsas, benesses. Pode-se tudo nesta disputa por poder, em um ambiente restrito, com pequeno número de eleitores e totalmente alijado dos sentimentos e necessidades da sociedade que paga a conta, mas que vai glorificar o vencedor com um poder econômico e político imenso.
Campo fértil dos partidos de esquerda, estes transformaram a política universitária em um fac-simile de suas ideologias torpes e conseguiram criar um laboratório de testes para uma política ainda mais suja do que aquela que é praticada pelos executivos e legislativos Brasil afora.
Como esperar que desse ambiente saiam ou sejam formados aqueles livre pensadores que vão romper com o ciclo vicioso da política brasileira, nivelando por cima nossa medíocre democracia? É extremamente complicado esperar que aqueles que comungam e vivenciam este ambiente possam ser capazes de fomentar a mudança.
É preciso 'desesquerdizar' a Universidade brasileira. É preciso mudar o acesso a Carreira docente (com concursos e lotações centralizados no MEC, evitando que o ingresso de novos docentes seja direcionado e atenda critérios ideológicos tão danosos ao ambiente acadêmico, mas extremamente comuns nas Universidades públicas), fazendo valer o esquecido principio constitucional da impessoalidade. 
Precisamos democratizar os Conselhos Universitários, órgãos máximos da Gestão Universitária e ao qual a sociedade não tem o mínimo acesso. São formados endogamicamente pela comunidade universitária, com viés político e não técnico. Chegam ao extremo de poderem decidir os próprios salários (dos servidores da Universidade) nas Universidade Estaduais de São Paulo. É um sonho um emprego onde um grupo de funcionários decide o salário, deles e dos colegas. 
E, principalmente, precisamos mudar a forma de escolha dos gestores passando de eleições para seleções públicas, em todos os principais cargos de gestão. Que escolham-se os mais capazes, independente de grupos políticos e/ou ideológicos. Que aprendam a trabalhar de forma colegiada superando suas diferenças.
Parece um sonho distante, mas vejo, com grande entusiasmo, surgirem aqui e acolá grupos de resistência que contestam e desafiam o status quo  do ‘aparelho esquerdista’ universitário. Em geral são alunos, ainda tímidos, mas que aos poucos vêm recebendo o apoio de professores e demais servidores.
Precisamos reagir, precisamos urgentemente desaparelhar e 'desequerdizar' as Universidades e Institutos de educação superior públicos do Brasil. Precisamos limpar o fétido ambiente político que instalou-se e gerencia o lixo em que se transformou a política universitária no país. Só assim daremos o primeiro passo na moralização de toda a política brasileira.
Mas para romper o ciclo vicioso temos que começar rompendo o aparelho de gênese política podre que instalou-se nas nossas Universidades públicas.
Comecemos e rápido. Há muito que fazer.

Lembremo-nos:             A Universidade Pública é o Lixo da Política brasileira.


                                                                                  Segue...

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