No Brasil tudo é
superlativo. Queremos fazer a copa das copas, queremos ter o melhor futebol do
mundo, o maior estádio, etc.. Claro vivemos em um país de dimensões
continentais e algumas realidades brasileiras são realmente traduzidas em
números muitos grandes até, digamos, superlativos.
Na realidade nos especializamos em ‘super’...tudo,
superfaturar obras, superdimensionar prazos, superar metas de gastos, de ‘sub’
só subestimamos a inteligência do povo brasileiro. Conseguimos alguns recordes
é verdade, por exemplo somos os ‘felizes’ detentores do recorde mundial em
esquemas de corrupção, o Petrolão (e todos os outros ‘ãos’ que ai estão ou ainda
surgirão) e do Partido Político mais Corrupto da história (o PT).
Em parte estes mandos e desmandos são
reflexos ou são refletidos pelos nossos poderes republicanos. Conseguimos
misturar interesses e práticas políticas de tal forma que o exercício do Poder
ou dos Poderes no Planalto Central parece mais, perdoem-me o termo, uma suruba
de minhocas. Todos querem fazer tudo e ninguém o que deve fazer.
A separação de poderes é essencial ao bom
funcionamento de uma nação, especialmente de uma nação continental como o
Brasil. Separar os poderes de uma nação não é nem uma ideia nova, Charles-Louis de Secondat, o Barão de Montesquieu, já os preconizava no século 18.
Mas no Brasil de hoje o que temos é uma mistura de atribuições e poderes, onde ninguém sabe o que faz, nem faz o que deve.
Temos
um Legislativo que quer administrar e está mais preocupado com cargos e em gerir
verbas do que fazer aquilo que é sua atribuição constitucional, ou seja,
legislar e fiscalizar. Aliás nossos legislativos, da menor Câmara de Vereadores
do país ao Senado Federal, só legislam em causa própria e têm como preocupações
principais cargos, verbas e emendas. Nossos legisladores querem fazer as
funções do executivo e muitos se elegem exatamente assim, prometendo fazer obras
e ações típicas do executivo.
O
povo brasileiro não sabe quais as atribuições de cada poder e muitas vezes
embarca no canto da sereia. Que falta fazem aos nossos estudantes disciplinas
como as antigas OSPB (Organização Social e Política do Brasil) e EPB (Estudo
dos Problemas Brasileiros), ali se estudava exatamente isto, como se organizava a
sociedade brasileira, quais as atribuições do serviço público, dos poderes
constituídos. Claro foram varridas para o lixo da história e defendê-las faz os
esquerdopatas babarem vermelho de raiva. Mas tenho certeza, sem entrar no
mérito ou demérito de outras disciplinas, que seriam, com qualquer nome que tivessem, tão ou
mais úteis que artes ou educação física.
Nosso
Poder Executivo abusa do corporativismo e passa mais tempo tentando compor ‘
governabilidade’ do que governando. Nosso executivo ‘legisla’ muito por
Normatizações, Medidas Provisórias e Decretos e pouco ‘executa’, amarrado nos
meandros criados pela confusão dos poderes.
O
Judiciário vem retomando sua importância e fazendo algumas ações salutares e
interessantes para o país. Mas cada vez mais vem fazendo o trabalho de legislar. Parece-me que nossos juízes e ministros querem cada vez mais desempenhar o
papel de legisladores. Esquecem-se Vossas Excelências que cabe ao judiciário
interpretar as leis e não criá-las. Não existem Legisladores de Toga. E a
continuar com esta tendência temos de tomar cuidado pois poderemos sair de uma
Ditadura branca Cleptocrática, destes 13 anos de PT no poder, para uma Ditadura
Togada. Lembrem que nenhuma ditadura nos serve.
O
STF vem legislando nas omissões do Poder Legislativo, não deveria, mas o faz e
se justifica pela inércia do outro poder. Mas ultimamente se arvora a
fazê-lo mesmo quando não há omissão, como por exemplo no caso do aborto de
nascituros de até 3 meses, invencionice oportunista do Ministro Barroso
ratificada pelos demais membros de sua Turma no STF. Algo que não encontra
nenhum respaldo em nossa legislação. Esperemos que o Pleno do Supremo corrija
este equívoco derivado da arrogância togada.
Vou
ao contrário da maré, pelo menos neste trecho do comentário, precisamos sim de
um controle sobre o judiciário. Não nos termos propostos na madrugada pelos ‘ratos’
corporativos do legislativo, não com a criminalização do ato interpretativo do
magistrado, não com a possibilidade (ridícula) do Senado julgar magistrados,
isto é um caos, é inadmissível, fere o Estado de Direito. Mas como em todas as
profissões temos bons e maus magistrados e a Lei da Magistratura é muito
branda. Juízes erram e muitas vezes agem propositadamente de forma perniciosa e
no máximo são aposentados, como em diversos casos de juízes corruptos aposentados
aos 40 anos de idade. A juíza que mandou prender a menina de 16 anos em uma cela
lotada de bandidos, por exemplo, não foi presa ou condenada, apenas foi aposentada. Isto
também tem de mudar.
Pode não ser a hora, teremos de discutir mais, aprofundar o
debate, mas temos sim de regular a magistratura, sob pena de em breve estarmos
sob a égide de outra ditadura.
Sobre
o afastamento de Renan Calheiros uma parte de minha pessoa comemora a outra
fica muito apreensiva, por quê? Explico, temos uma urgência que é a PEC do Teto
dos Gastos, qualquer alteração ou percalço nesta votação pode descarrilhar o
país de novo.
E, convenhamos, ter como Presidente do Senado um petralha como o
Senador Jorge Vianna é trocar seis por meia dúzia e colocar em risco estas
reformas essenciais ao país.
Pior, acho que a interpretação que levou a decisão
do Ministro Marco Aurélio foi muito mais política do que técnica e em razão
desta visão a decisão poderá ser revista pelo Pleno do Supremo gerando uma sensação
de impunidade muito grande.
Renan Calheiros representa tudo de ruim e podre que
a política brasileira pode mostrar ao mundo, mas o fato que hora leva a seu
afastamento é frágil. E, mesmo que sobre a cabeça de Renan existam diversas
espadas de Damôcles, a que hora pende não é tão relevante quanto as demais.
Mas, voltando a vaca fria, regojizo-me com o afastamento de Renan Calheiros ao mesmo tempo que assusto-me
com um Petista na Presidência do Senado.
E
toda esta ebulição é fruto do que? É fruto da confusão carnavalesca e surreal que
os nossos poderosos e líderes fazem com as funções e atribuições dos três
poderes da República.
Esperemos que um dia no Brasil tenhamos um Poder
Legislativo que legisle e fiscalize, um Poder Executivo que faça a Gestão (que
execute) e um Poder Judiciário que julgue. Só isso, nada mais! Nada menos!
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