domingo, 18 de junho de 2017

Trambicagem Superior Eleitoral ou TSE



Estou escrevendo este texto para a coluna um pouco atrasado, sei disso. É que as mudanças de cenários e rumos no Brasil são tão vertiginosas que tiram qualquer um dos eixos.
Além do mais a decisão do TSE da semana passada me deixou extremamente estupefato que não consegui ter qualquer reação, não mesmo. 
Se tentasse canalizar minha sensação de desprezo e indignação em palavras, naquele momento, seria uma profusão de palavrões e xingamentos do mais baixo calão.
Não conseguiria fazer uma análise lógica dos fatos, não sei se conseguirei agora. Mas o que houve no nosso tribunal?
Um pouco de tudo: safadeza, proselitismo judicial, alargamento das interpretações jurídicas, guerra de vaidades, interesses ocultos, talvez até preocupação com a estabilidade do país. Talvez, apenas, talvez, sentimento cívico.
Já havia vaticinado em minhas colunas que Michel Temer, passado o turbilhão dos primeiros dias, se não renunciasse, dificilmente cairia do posto. Só que o preço disto é alto pois praticamente inviabiliza as reformas tão necessárias ao país. Há um preço político para tudo inclusive a permanência no poder, a dita estabilidade.
As reformas serão este preço, claro e a impunidade junto e, nós, o povo, obviamente, pagaremos o pato.
Quando colocaram todos os partidos no mesmo barco: PT, PSDB, PMDB, PP et caterva fizeram com que eles se aliassem a qualquer preço. É uma questão de sobrevivência, só isso. 
Pior ainda é que ainda não houve punibilidade aos gestores /criadores da ORCRIM, Lula e o PT. Então a impunidade ante as evidências levou a todos os novos envolvidos a fazerem uma grande aliança e partirem para cima da lava-jato.
Queremos os corruptos, todos, independente de cor partidária na cadeia, mas para isso é preciso estratégia ou acabaremos sem punir ninguém. Observem como o PT está quieto, Lula também. Eles sabem que estão enrolados e agora silenciam ante a agonia dos demais. O ideal seria ter abatido um a um todos os corruptos.
Mas são tantos que não deu. O TSE teve a chance de fazer uma limpa, não o fez alegando entre outras coisas a manutenção da estabilidade política do país. Mentira absurda, mas eles a usaram como justificativa.
O Brasil está caótico e instalou-se uma resiliência interessante, blindando os setores mais importantes do país, das cada vez mais cotidianas crises. Esta resiliência acaba acalmando o mercado e a economia por isso e, porque já tinha atingido o fundo do poço, pelo menos não piora. A população também mescla um que de desilusão com sentimento de que nada adianta e um desprezo pela política como um todo.
Estes fatores somados levam a uma inércia da população e o silêncio das ruas dá aos corruptos e simpatizantes a chance de articularem uma tentativa de salvação de seus rabos nos podres porões de nossa república.
O TSE a título de manter a estabilidade política preferiu ser cego ante a colossal e meridiana coletânea de provas. Não quis cassar a chapa Dilma-Temer. 
A única estabilidade que mantiveram foi a deles mesmos. Poderá o futuro provar que meu pensamento está equivocado e que o Ministro Gilmar Mendes e, os outros 3 inomináveis que o acompanharam, tinham razão. Por hora só me resta o desprezo e a indignação ante suas atitudes.
Mas como já comentei eu havia vaticinado isto em outras colunas. 
O que está decisão do TSE nos deixou de lições?
1-      Escancarou a corrupção e a falência do sistema político e eleitoral brasileiro;
2-      Demonstrou que de honesta Dilma não tinha nem o penteado;
3-      Mostrou que as jararacas ainda rastejam nos porões de nossas instituições;
4-      Mostrou ao Brasil um grande jurista, o Ministro Herman Benjamin. Ele teve a coragem de desafiar o status quo reinante e colocar o dedo na ferida, infelizmente sua tese não prosperou;
5-      Infelizmente também o Ministro Hermam Benjamin jogou para as calendas qualquer chance de ascender ao STF;
6-      STF que, creio eu, dificilmente reverterá a decisão do TSE;
7-      O que nos demonstra a inutilidade e o desperdício de dinheiro nos Tribunais Eleitorais Brasil afora. Eles são uma criação da ditadura Vargas na década de 1930. Não tem utilidade nenhuma nos dias de hoje. Tribunais comuns deveria julgar problemas eleitorais, assim o é na maioria dos países desenvolvidos. O TSE e seus congêneres são jabuticabas típicas do sub desenvolvimento do Brasil. Têm de acabar.
8-      Ganharam nesta história toda o PT, Dilma, Lula, Temer e os corruptos. Perdeu o Brasil.
Mas o que fazer?
Não desistir da luta. É isto e apenas isto. E atenção, muita atenção!
Atenção com os Salvadores da Pátria que surgirão aos borbotões. Atenção com o ressurgimento de Lula e do PT travestidos de sei lá o que.
E principalmente atenção com os golpes. Golpe das eleições diretas. Golpe do voto em lista. Golpe da negociação pelas reformas (como a volta negociada do maldito imposto sindical). Golpe do contra as reformas. O que eles querem é que fique tudo como está!
E como as coisas estão? Estão uma M.... Estagnação só interessa aqueles que nos colocaram neste buraco.
O Golpe da Constituinte. Este golpe é fatal e virá. Aguardem! Nossa constituição é ruim, muito ruim. Por exemplo fala em mais de 40 momentos em direitos (especialmente direcionados a alguns grupos) mas só fala 5 vezes de deveres. É garantista demais e dessintonizada do nosso tempo e do nosso país. Mas delegar a este bando de corruptos o poder originário de uma nova constituinte é suicídio. O melhor é varrê-los do poder e depois consertar a Constituição (na minha opinião,aliás, não tem conserto é jogar fora e fazer de novo), mas tudo a seu tempo.
Ah, e observem que também chegará a hora de discutir privilégios e modus operandi da justiça e principalmente do MPF. Eles não são essa maravilha toda e corremos o risco de acabar numa ditadura legal. Devemos ter cuidado.
E cobrar. Sempre cobrar nas ruas, nas redes sociais. A todo o momento. Mas sempre pensando antes, a passionalidade é burra, sempre foi.
Quanto ao TSE, serei passional, mesmo depois da reflexão devida.
Fica aos senhores Ministros (aqueles 4 é óbvio) meu desprezo e indignação.

Os Senhores transformaram nossa política em uma verdadeira trambicagem eleitoral.

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