Dizem que muitas vezes a arte imita a vida e em
outras a vida imita a arte. Nestes casos muitos autores, poetas e escritores
acabam sendo mais que visionários, são autênticos profetas, imprimindo em sua
obra visões de um futuro muitas vezes distante, mas que ocorrerá tal e qual um déjà vu, por mais fantástico e
inacreditável que pareça. Lewis Carrol é um destes ‘profetas’ que em sua obra
nonsense Alice no País das
Maravilhas, testemunhou
e registrou, desde o passado, o Brasil do século XXI.
Loucura ou excesso de imaginação de minha parte?
Será? Vejamos.
O País
das Maravilhas, criado por Carrol, país governado por uma Rainha Louca – a
Rainha de Copas -, que só se veste de Vermelho, tem um cabelo estranho, é
cabeçuda (nos dois sentidos: por ter uma cabeça de tamanho avantajado e de ser
de uma teimosia ímpar), não ouve ninguém, é mal educada e só sabe gritar e dar
broncas por tudo e em todos. Será que este personagem lembra alguém? Acho que
nós podemos reconhecer aqui uma ‘certa’ semelhança entre o País das Maravilhas
e o nosso Brasil.
Lula, Dilma et caterva também criaram, tal qual Lewis Carroll, a estória do Brasil
Maravilha, país sem igual, com que fomos presenteados por uma dádiva
divina, 24 horas depois da posse do apedeuta em seu primeiro mandato.
Um País
das Maravilhas em que tudo é
fantástico e, redundantemente, maravilhoso. País este que só é conhecido por
aqueles poucos apaniguados do partido ou, por aqueles que ainda acreditam em estórias
da Carochinnha. Mas eles juram, do fundo de suas mentes doentias, que este país
existe, está aí e só não é visto por culpa da oposição.
O Brasil Maravilha, cantado em prosa e verso por esta turma, é
um país sem inflação, onde tudo funciona, não há violência, a educação é de
primeira, a assistência a saúde maravilhosa, não existe desemprego, entre
tantas outras bençãos dos céus. Gostaria que me dessem um mapa para achar o
caminho para o Brasil Maravilha.
Será que as semelhanças param por aí? Não, o
visionarismo nonsense de Carrol mostra ainda mais semelhanças
entre os dois países das Maravilhas. A Rainha de Copas, em um das muitas
adaptações feitas por Hollywood, tem um conselheiro caolho, homem que é pura
maldade, que a aconselha e lhe ensina como extorquir e explorar ainda mais o
povo do País das Maravilhas. No nosso Brasil Maravilha também temos um
Conselheiro ‘contra o povo’, claro que ele não é caolho, podemos até dizer que
enxerga longe, mas, ao invés de um olho, lhe faltam outras cositas como caráter, vergonha na cara e
um dedo.
E o nosso Chapeleiro Maluco, aquele que habita as
bandas do Jaburu. Toda hora troca de chapéus, de lado e de opinião, mas tem
como objetivo fixo sentar-se a cabeceira da mesa, ou do país, na hora do
chá. Lança-nos enigmas e falas sem sentido, choramingos e reclamações, mas só
age em prol de interesses, os seus e os dos caciques de seu partido.
Na Corte do País das Maravilhas todos fingem ter
defeitos físicos, além dos notórios defeitos de caráter, para conviverem como
Nababos nos corredores, salas e salões do Palácio. Todos fingem qualquer coisa
que seja necessária para manterem-se a sombra do poder. O importante é não
desagradar a Rainha de Copas, pois senão ela ordena, gritando:
- CORTEM A CABEÇA! CORTEEEMMMM A CABEÇA! Condenando
sumariamente os incautos.
Ah! E no Brasil Maravilha, nossa Rainha Vermelha,
como gostaria de poder fazer o mesmo e gritar, cortem a cabeça, e zap,
livrar-se daqueles que ousam desafiar sua vontade. Se pudesse fazer isto,
hein?! Quantos jornalistas não amestrados, juízes e procuradores da república,
entre outros, conheceriam de perto a máquina de Monsieur Guillotin.
Mas nossa corte também não fica longe da homônima do
País das Maravilhas. Nossos ‘nobres’ transitam lépidos e fagueiros entre os
Palácios da Praça dos Três Poderes. Alguns, verdadeiras aberrações, desprovidos
de caráter e moral, mas vestindo ternos, togas e arrogância, reverenciando e
homenageando a Rainha Vermelha e seu Criador. Ostentando o que nós, o povo,
sustentamos a duras penas , através dos pesados impostos que pagamos e que nada
nos dão de retorno.
É Lewis Carroll foi um visionário ao descrever o Brasil
Maravilha do século XXI, mas também nos mostrou o caminho da redenção,
mostrou-nos em sua obra, de forma sutil, como livrar-nos desta súcia.
Alice, a menina do livro, age como ‘gente grande’,
contesta a validade das ordens da Rainha e
Rei de Copas e recusa-se a atendê-los. Discute com a Rainha de Copas,
enfatizando as atitudes ridículas cometidas na corte do País das Maravilhas. A
Rainha ordena, aos gritos que Cortem-lhe a cabeça! Mas Alice não
tem medo, confronta-os, a Rainha, os Soldados, a Corte e todo o status quo do País das Maravilhas.
Alice é o povo do Brasil real, que
não aguenta mais ser explorado e extorquido e, que vai as ruas mostrar sua
força. Vai reduzir ao ridículo esta corte de dementes, deformados
moralmente e desprovidos de caráter, vai desnudá-los em público, expor seus
crimes e apresentá-los aos rigores da lei, seja na Papuda ou em Curitiba.
Alice, o povo, vai às ruas
clamar por justiça e gritar, como gritavam os personagens do filme de Tim
Burton: Fora Cabeçuda! É isso aí, o povo que presta vai gritar, para dar um fim
ao Reino da Rainha Vermelha e de sua Corte, Fora Cabeçuda! Fora Corja de
Ladrões!
Gritemos pois, juntos, povo sofrido
do Brasil decente, gritemos juntos pelo nosso futuro.
FORA CABEÇUDA!!!!!!!!!