sexta-feira, 27 de abril de 2018

Os onze olimpianos do STF




         A mitologia greco-romana nos explica muito do que somos em termos de civilização e, também, de incivilidades. Suas lendas, práticas e crenças influenciaram e forjaram o que hoje chamamos de civilização moderna, especialmente no ocidente.
Suas deidades e panteões, em que pesem mudanças de nome e de importância relativa entre gregos e romanos, mostram seres muito, mas muito parecidos, com os humanos de carne e osso, aqueles com os quais convivemos diuturnamente.
Os deuses gregos e romanos são muito mais a ‘imagem e semelhança’ do homem, ou vice versa, com suas virtudes, vaidades, defeitos de caráter, do que a imagem que temos de Deus nas grandes religiões contemporâneas.
Estes deuses viviam entre a terra e o olimpo (tal e qual políticos e milionários modernos) cuidando da ‘criação’, brigando, fazendo intrigas e decidindo monocraticamente, até que o colegiado seja consultado, o destino da indefesa humanidade. Não lhes parece com um certo egrégio tribunal brasileiro? Onde a Praça dos Três poderes seria uma espécie de Monte Olimpo tropical e o STF o Conselho dos deuses olimpianos.
Os doze deuses olímpicos, também conhecidos como o dodecateão  eram os principais deuses do panteão grego, residentes no topo do Monte Olimpo. Moravam em um imenso palácio, construído numa montanha que ultrapassaria o céu. Alimentavam-se de ambrosia e bebiam néctar, alimentos exclusivamente divinos, ao som da lira de Apolo, do canto das musas e da dança das graças. Centenas de deidades menores, mais ou menos poderosas, coabitavam o Monte Olimpo. Tal e qual nossa Praça dos Três Poderes com seus três palácios e miríades de servidores públicos eleitos,  não eleitos, nomeados e concursados (e alguns que não se encaixam em nenhum destes conceitos: as eminências pardas e os ‘ex’ que na maioria das vezes não passam de escroques).
Mas no nosso Olimpo tupiniquim, tanto quanto no Olimpo original, quem manda e define tudo são os doze olimpianos, os todo poderosos Deuses Olímpicos. Aqui são apenas onze palacianos, alocados no Palácio do STF. Mas de resto se parecem muito com seus antecessores greco-romanos, têm virtudes (alguns mais outros menos), têm vicissitudes (muitas), têm vaidades (incomensuráveis), têm vontades (insaciáveis) e estão em constante beligerância pelo poder e por seus protegidos. Mas ao fim e ao cabo suas decisões monocráticas ou colegiadas afetam todos nós pobres mortais.
Podemos, perfeitamente encaixar nossos Supremos Ministros, nos traços de caráter ou da falta dele, dos deuses olimpianos. Mas não eram doze deuses? Sim eram. Mas se observarmos a tamanha zona que se instalou no país podemos imaginar que Zeus, o pai de todos, Deus dos Deuses e também Deus da Justiça foi dar uma voltinha. Claro que quando o dono da casa ou o gato, como queiram, saí os ratos tomam conta, ou pelo menos tentam.
Zeus deve ter ido passear em outros pagos com sua filha Iusticia (Justicia). É, aquela senhora de espada em uma mão, balança na outra e olhos vendados é uma deusa grego-romana, era ela que na Roma antiga proferia o Ius dicere  (dizia a justiça) para atingir a prudentia (o equilíbrio). Os gregos a conheciam como DICE e na Grécia não usava a venda, enxergava, tal e qual nossa justiça, que as vezes enxerga longe demais.
Mas se concluirmos que Zeus e a Justiça foram dar uma voltinha longe dos trópicos, restaram os Onze Olimpianos Tupiniquins, alocados confortavelmente no Palácio Olímpico do STF e cercados de deidades menores, sombras, espíritos bons e maus e, muitos interesses.
Vejamos quem é quem no nosso Olimpo de  Tres Vires (Três Poderes):
ZEUS – a lei, a ordem, a justiça. Está ausente, foi visto fugindo para lugar incerto e não sabido em companhia de sua filha DICE.
HERA – a Rainha do Olimpo, na ausência de Zeus reinava no Olimpo, deusa do matrimônio e da estabilidade, zela pela Casa de todos, pela família (o povo) e pela fidelidade aos princípios. Nossa Ministra Carmen Lúcia.
ATENA – Deusa da sabedoria, civilização e da estratégia, sabe que os calados vencem. Traça suas estratégias e age com calma e sem alarde, prudência típica dos bons estrategistas. Mas ao final estabelece a ordem. Aí temos a Ministra Rosa Weber.
POSEIDON – Deus dos mares, terremotos, da mutação, oscila como o mar, dele pode se esperar tudo, até por sua natureza e origem (político-partidária). Mas em geral é um grande benfeitor da humanidade. Aqui vislumbro, com a devida vênia, o Ministro Alexandre de Moraes.
DEMÉTER – Deusa da colheita, da fartura (sic!), muito ligada a família (sic, de novo!), pode ser benevolente no verão (ou nas ações salariais) ou dura como o inverno. Mas em geral ajuda e protege os homens (povo), tal e qual o Ministro Fux.
APOLO – Deus Sol, da verdade, da cura dos males e doenças (do corpo, do espirito e da sociedade), liberal por princípio/meio/fim. Muito admirado em Roma, era um oráculo do futuro. Seus augúrios e vaticínios apavoram, principalmente aqueles que tem a cauda adhæsit (rabo preso). Dá-lhe Ministro Barroso, mas sempre lembrando que Apolo era volúvel em suas paixões.
ÁRTEMIS – Deusa da Lua, da caça e da virtude. Não precisamos de mais para compará-la ao caçador de corruptos do STF, aquele que vem batalhando diuturnamente pela virtude, Ministro Fachin.
ARES – Deus da guerra, da violência. Sempre beligerante e falastrão, parece-nos, às vezes, um pouco vetusto e impudico, mas é estrategista ímpar na batalha. Nosso imodesto Ministro Gilmar Mendes.
HEFESTO – O Deus coxo é o artesão da perfeição, cria mecanismos e engrenagens para o bem e para o mal. Mas em geral suas criações funcionavam com perfeição. Esperemos que seu símil tupiniquim, Ministro Celso de Melo, crie engrenagens para nosso bem.
DIONÍSIO – Deus do vinho, dos bêbados (!!), das festas e da insanidade. Às vezes confunde suas crenças.  posições e falas com o êxtase etílico das Festas Dionísicas (conhecidas como Bacanais em Roma). Em alguns aspectos assemelhando-se, também com a devida vênia,  ao Ministro Marco Aurélio.
AFRODITE – Deusa do amor, da volúpia e consequentemente da infidelidade (a quem deveria sê-lo). Age por paixão e gratidão aos antigos amores e convivas, tal e qual, nos parece, o Ministro Toffoli.
HERMES – Mensageiro dos deuses, deus das divinações e da magia é um grande e eloquente orador. Viaja velozmente entre o mundo dos deuses, levando pedidos, mensagens e decisões. Aqui enxergamos o Ministro Lewandowski,. Hermes também é, sugestivamente, o deus dos Ladrões.
Faltou HADES, Deus do mundo inferior, Rei dos Mortos, tem em sua alma traços de tudo que é ruim e imundo no mundo. Não vive mais no Olimpo Tres vires tupiniquim. Mas sonha em voltar e tomar de assalto o Monte Olimpo e o mundo. Dizem os boatos que está preso no inferno que construiu para si, em Curitiba. Reza a contragosto para seus pares no Olímpico STF: Ares, Afrodite, Hermes e, é claro, Dionísio, o deus dos bêbados, são o destino seus pedidos e orações.
O bom das lendas gregas é que ao final, bem ao final, de tudo o bem sempre prevalece, a humanidade (povo) vence. Claro que sempre contam com a ajuda de semi-deuses e heróis (temos os nossos). Mas no Olimpo, pelo menos na Mitologia, a humanidade e o bem prevalecem. Que na mitologia tropical também seja assim. 
Que os Deuses nos abençoem!

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