sábado, 16 de dezembro de 2017

Brasília...Ah! Brasília!



            Nas últimas 3 semanas fui chamado à Brasília. Um breve retorno com direito a 3 viagens de ida e volta à minha cidade, aeroportos congestionados, filas, atrasos, etc. Enfim o pacote completo.
Este foi o motivo de minha ausência nas colunas do JBF nas últimas semanas. A rotina em Brasília foi pesada, com uma jornada de tarefas que ia das 8h da manhã até as 19h e sempre com algo para fazer quando chegar no hotel. É meus amigos, a grande maioria da pessoas trabalha de verdade em Brasília, especialmente aqueles não investidos em mandatos.
Quando vinha para casa além das incontáveis horas de viagem tinha todo o serviço atrasado para por em ordem. Em suma, acabei negligenciando meu ‘contrato’ com o JBF, mas pelo menos poupei os leitores do Blog e da Gazeta de terem de ler minhas besteiras por quase um mês. Mas voltei!
Falando de Brasília, durante cerca de 10 anos de minha vida viajei quase semanalmente à Capital Federal o que fez criar um vínculo de ‘nativo’ com a cidade. Lugares e pessoas são assim, às vezes bate aquela afinidade, sentes que passastes toda a tua vida naquele lugar, mesmo que estejas ali chegando pela primeira vez.
Assim foi comigo e Brasília, sempre senti-me em casa. Gosto do DF com a mesma intensidade que detesto o Rio de Janeiro, cidade para mim que nada tem de maravilhosa. Mas faziam 3 anos que não ia à Brasília.
E ao chegar desta vez senti um peso na alma, algo como se a cidade estivesse pesarosa, de luto. Uma sensação ruim, de desassossego, de incomodação. Estranhei! Depois acreditei que era apenas uma sensação originada deste mar de canalhice e corrupção que tomou conta de nosso país a partir do centro de poder que é a Capital Federal.
Não que a Cidade tenha qualquer  culpa nisso. Os culpados são aquela corja que habita a Cidade, enviada para lá pela investidura de nosso voto. Ao fim e ao cabo a culpa é de cada um de nós brasileiros que permitimos que este bando venha nos ‘desgovernando’, roubando e mentindo à tanto tempo.
Mas a sensação de pesar e o clima de enterro não passaram, pareceu-me que a aura da cidade foi afetada pelas insolentes autoridades que dali comandam a roubalheira nacional. Fiquei pensando em causas cósmicas para isto tudo que ocorreu e vem ocorrendo no Brasil, Buscando explicações para nosso comportamento passivo, de cordeiros em um rebanho. Podem ser causas históricas, culturais ou extraterrestres.
Para nós brasileiros basta ter um ‘culpado’, alguém que tire de nossos ombros o peso da responsabilidade e que possamos xingar devidamente e está tudo bem! A culpa é dele e portanto nada posso fazer, apenas lamentar! Enquanto agirmos assim seremos sempre o país do futuro, mas este futuro que nunca vem. Nem virá! É um futuro longínquo e inatingível.
Lembro-me do livro ‘Pega prá Kaputt!” dos fantásticos autores Josué Guimarães, Luis Fernando Veríssimo, Edgar Vasques e Moacyr Scliar. Neste livro, após a segunda grande guerra oficiais nazistas tentam contrabandear o testículo de Hitler (segundo a história ele só tinha um) para salvar a alma do Nazismo. Depois de muitas confusões o ovo do Füher acaba enterrado nas fundações da Praça dos 3 Poderes, em Brasília.
Esta seria a origem de todos os males do Brasil. Que bom e fácil seria se assim fosse. Lavamos as mãos, é nosso destino ser subdesenvolvidos e governados por corruptos. Mas não é assim, não!
Temos de reagir e colocar este país nos trilhos. E esta reação, mudança de rumo cabe a todos nós, brasileiros honestos e trabalhadores.
No primeiro retorno a minha cidade, neste período, fui ao aeroporto lembrando das palavras de um querido amigo que passou recentemente ao outro plano. ‘Se consciência pesasse não decolava avião em Brasília’, dizia ele jocosamente. Cheguei ao aeroporto indignado lendo a reportagem de uma revista de projeção nacional que listava os advogados milionários que defendem à peso de ouro os corruptos envolvidos na Lava-jato e outras operações caça-corruptos.
Não que os advogados não possam enriquecer com seu trabalho defendendo esta corja. Até porque todo cidadão, mesmo sórdidos bandidos, tem o direito a defesa. Mas por saber que o dinheiro que financia estas defesas é, provavelmente, fruto da corrupção de que são acusados os defendidos.
Mas pasmem! Que surpresa! Ao embarcar, numa segunda de manhã cedo, em meu voo rumo a São Paulo quem está no avião? Quase todos os famosos causídicos da reportagem e, no avião um Ministro do STF. Coincidência ou não, estranho pelo menos.
Estranho porquê? Ora, se nada funciona em Brasília no fim-de-semana o que ali faziam os milionários causídicos, que moram em paraísos no Sudeste ou no Exterior? Seria uma pergunta daquelas com uma resposta no mínimo interessante, quiçá muito relevante ao nosso Brasil.
Não temi pelo voo pois lembrei das palavras de meu falecido amigo. Mas que fiquei intrigado, fiquei! 
Retornei a Brasília duas vezes mais e a sensação de torpor e pesar continuou durante todo o período. Uma lástima! Adoro a cidade e acho que teremos de lavá-la e higienizá-la para que volte a ser o farol que comanda e gesta nosso país.

E ai não adianta buscar razões esotéricas ao nosso subdesenvolvimento e a nossa falta de atitude. A culpa é nossa mesmo. Então vamos levantar da cadeira, arregaçar as mangas e chutar a bunda deste bando até a prisão de Curitiba. A mudança e novos ares virão, mas para isto temos de começar a mudar nós mesmos.

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