Nas últimas 3 semanas fui chamado à
Brasília. Um breve retorno com direito a 3 viagens de ida e volta à minha
cidade, aeroportos congestionados, filas, atrasos, etc. Enfim o pacote
completo.
Este foi o motivo de minha
ausência nas colunas do JBF nas últimas semanas. A rotina em Brasília foi
pesada, com uma jornada de tarefas que ia das 8h da manhã até as 19h e sempre
com algo para fazer quando chegar no hotel. É meus amigos, a grande maioria da
pessoas trabalha de verdade em Brasília, especialmente aqueles não investidos
em mandatos.
Quando vinha para casa além das
incontáveis horas de viagem tinha todo o serviço atrasado para por em ordem. Em
suma, acabei negligenciando meu ‘contrato’ com o JBF, mas pelo menos poupei os
leitores do Blog e da Gazeta de terem de ler minhas besteiras por quase um mês.
Mas voltei!
Falando de Brasília, durante
cerca de 10 anos de minha vida viajei quase semanalmente à Capital Federal o
que fez criar um vínculo de ‘nativo’ com a cidade. Lugares e pessoas são assim,
às vezes bate aquela afinidade, sentes que passastes toda a tua vida naquele
lugar, mesmo que estejas ali chegando pela primeira vez.
Assim foi comigo e Brasília,
sempre senti-me em casa. Gosto do DF com a mesma intensidade que detesto o Rio
de Janeiro, cidade para mim que nada tem de maravilhosa. Mas faziam 3 anos que
não ia à Brasília.
E ao chegar desta vez senti um
peso na alma, algo como se a cidade estivesse pesarosa, de luto. Uma sensação
ruim, de desassossego, de incomodação. Estranhei! Depois acreditei que era
apenas uma sensação originada deste mar de canalhice e corrupção que tomou
conta de nosso país a partir do centro de poder que é a Capital Federal.
Não que a Cidade tenha
qualquer culpa nisso. Os culpados são
aquela corja que habita a Cidade, enviada para lá pela investidura de nosso
voto. Ao fim e ao cabo a culpa é de cada um de nós brasileiros que permitimos
que este bando venha nos ‘desgovernando’, roubando e mentindo à tanto tempo.
Mas a sensação de pesar e o clima
de enterro não passaram, pareceu-me que a aura da cidade foi afetada pelas
insolentes autoridades que dali comandam a roubalheira nacional. Fiquei
pensando em causas cósmicas para isto tudo que ocorreu e vem ocorrendo no
Brasil, Buscando explicações para nosso comportamento passivo, de cordeiros em
um rebanho. Podem ser causas históricas, culturais ou extraterrestres.
Para nós brasileiros basta ter um
‘culpado’, alguém que tire de nossos ombros o peso da responsabilidade e que
possamos xingar devidamente e está tudo bem! A culpa é dele e portanto nada
posso fazer, apenas lamentar! Enquanto agirmos assim seremos sempre o país do
futuro, mas este futuro que nunca vem. Nem virá! É um futuro longínquo e
inatingível.
Lembro-me do livro ‘Pega prá
Kaputt!” dos fantásticos autores Josué Guimarães, Luis Fernando Veríssimo,
Edgar Vasques e Moacyr Scliar. Neste livro, após a segunda grande guerra
oficiais nazistas tentam contrabandear o testículo de Hitler (segundo a
história ele só tinha um) para salvar a alma do Nazismo. Depois de muitas
confusões o ovo do Füher acaba enterrado nas fundações da Praça dos 3 Poderes, em Brasília.
Esta seria a origem de todos os
males do Brasil. Que bom e fácil seria se assim fosse. Lavamos as mãos, é nosso
destino ser subdesenvolvidos e governados por corruptos. Mas não é assim, não!
Temos de reagir e colocar este
país nos trilhos. E esta reação, mudança de rumo cabe a todos nós, brasileiros
honestos e trabalhadores.
No primeiro retorno a minha
cidade, neste período, fui ao aeroporto lembrando das palavras de um querido
amigo que passou recentemente ao outro plano. ‘Se consciência pesasse não
decolava avião em Brasília’, dizia ele jocosamente. Cheguei ao aeroporto
indignado lendo a reportagem de uma revista de projeção nacional que listava os
advogados milionários que defendem à peso de ouro os corruptos envolvidos na
Lava-jato e outras operações caça-corruptos.
Não que os advogados não possam
enriquecer com seu trabalho defendendo esta corja. Até porque todo cidadão, mesmo
sórdidos bandidos, tem o direito a defesa. Mas por saber que o dinheiro que
financia estas defesas é, provavelmente, fruto da corrupção de que são acusados
os defendidos.
Mas pasmem! Que surpresa! Ao
embarcar, numa segunda de manhã cedo, em meu voo rumo a São Paulo quem está no
avião? Quase todos os famosos causídicos da reportagem e, no avião um Ministro
do STF. Coincidência ou não, estranho pelo menos.
Estranho porquê? Ora, se nada
funciona em Brasília no fim-de-semana o que ali faziam os milionários causídicos,
que moram em paraísos no Sudeste ou no Exterior? Seria uma pergunta daquelas
com uma resposta no mínimo interessante, quiçá muito relevante ao nosso Brasil.
Não temi pelo voo pois lembrei
das palavras de meu falecido amigo. Mas que fiquei intrigado, fiquei!
Retornei
a Brasília duas vezes mais e a sensação de torpor e pesar continuou durante
todo o período. Uma lástima! Adoro a cidade e acho que teremos de lavá-la e
higienizá-la para que volte a ser o farol que comanda e gesta nosso país.
E ai não adianta buscar razões
esotéricas ao nosso subdesenvolvimento e a nossa falta de atitude. A culpa é
nossa mesmo. Então vamos levantar da cadeira, arregaçar as mangas e
chutar a bunda deste bando até a prisão de Curitiba. A mudança e novos ares virão,
mas para isto temos de começar a mudar nós mesmos.
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