sexta-feira, 23 de setembro de 2022

Óculos

 


 

Têm sido difíceis estes últimos 12 meses, perdas, doenças e a deterioração jurídico-moral de nosso país. Convalescendo, quieto pude andar e observar ouvindo o que dizem as ruas.

Enquanto me recuperava fisicamente parecia que minha mente estava mais perdida do que nunca. Depois da República de Curitiba quem pensaria no “descondenado” candidato de novo, mentindo e vociferando ameaças rua afora, como se fosse o mais honesto dos homens. Quem pensaria em uma eleição em que o maior partido de oposição é o próprio tribunal eleitoral e seus vetustos (no sentido de obsoletos) ministros.

Caminhei sem eira ou beira pelas ruas de minha cidade ao sol e ao frio do inverno e, com meus óculos escuros, sempre postos à face, pude ver e ouvir o horror e a indignação com os atos e atitudes de nossa aristocracia jurídica, da imprensa e da bolha acadêmico-cultural.

Sei que isto já história velha, batida e debatida na internet e por comentaristas sérios, mas me dou ao direito de falar de novo, ante tamanha indignação que me assombra. E, tenho a vênia dos leitores, pois estava imerso em um mundo de contemplação visando minha recuperação dos males físicos e, agora penso, talvez, mentais.

Mas, desculpem-me, Urnas Eletrônicas entronizadas em altar como relíquias religiosas? Meu Deus! Isto é heresia, é demais para qualquer cristão. 

Mas o que vi em minhas indignadas andanças? De um lado, nas ruas, fé, patriotismo, esperança. Um homem, nosso Presidente arrastando multidões, contra todo o estabilishment instituído. Um homem nutrindo paixões, dando palavras de ordem e arrastando multidões, organizadas espontaneamente, de cidadãos, de excluídos, de vilipendiados que viram neste homem a esperança de um novo Brasil. Apesar de tudo e de todos os poderosos.

Por outro lado, incrédulo, vi, nos hora fétidos corredores da academia onde laboro e professo meu ofício, vi ranço, ódio, mentira, decisões judiciais ilegais e inconstitucionais. Vi juízes censurando a bandeira nacional, a imprensa chamando patriotas, no bicentenário da independência, de fascistas. Vi um mentiroso e ladrão costumaz vociferando para sua quadrilha que vai voltar a roubar e terminar de destruir o país. E, vi professores, intelectuais e artistas de joelhos para o ladrão, beijando seus pés fétidos. E, vejo as pesquisas dizendo o contrário do vejo nas ruas, do que ouço na voz do povo.

Onde está o erro? Será que enlouqueci? Será que distorci o que vi e ouvi? Talvez meus óculos estivessem sem o grau necessário. Não, não mesmo, eram apenas óculos de sombra para proteger meu olhar dos observados e o grito das ruas soou ensurdecedor. Não, não vi ou ouvi errado.

Talvez estes outros, os colegas, os juízes, mídia, intelectuais e artistas é que precisem de óculos ou aparelhos de surdez. Talvez só lhes baste, apenas, sair da bolha em que habitam e desfrutam das benesses da vida. Talvez, alguns, devam ser responsabilizados pelo que fizeram. E outros, talvez nunca veja, a cegueira lhes é cômoda, tal como lhes é útil a cara-de-pau e safadeza.

Mas, pelo que ouvi, creio que em dois de outubro todos ouvirão o brado retumbante e o sol da liberdade. Não terá como não ver ou como “desver”, pois o Brasil está “despiorando”.

Ou isto ou nossas sacrossantas urnas eletrônicas tem uma vontade própria muito forte! Quem saberá?

 

 

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